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20 de julho de 2017

Fibromialgia - o impacto da dor invisível

Segundo um inquérito levado a cabo no final do ano passado, pela National Fibromyalgia & Chronic Pain Association (EUA), mais de 70% dos doentes crónicos sentem que os outros não acreditam nas suas dores e 77% desses doentes vivem num medo permanente de não conseguirem aprender a viver com a dor crónica. 85% destes doentes sente que quem está do lado de fora, não reconhece o quanto as suas vidas estão limitadas pela dor constante e permanente.


Quem está de fora, não sabe sequer avaliar como é viver com dor todo o dia...todos os dias. Não que a opinião dos outros deva afectar-nos, mas é frequente, mesmo vindo de familiares chegados e que nos amam, recebermos olhares condescendentes, do género "ok, tens dores, mas ninguém tem dores todos os dias, 24h por dia!" Pois ninguém devia ter, mas tem...infelizmente! Começa a ser cliché e quase piada interna entre doentes de dor crónica, o célebre comentário "mas eu também tenho dores e tenho que aguentar!" (ou outros comentários engraçados assim...) E ao contrário do que os outros pensam, não somos fracos por sentirmos dores constantemente, somos sim, muito fortes porque tentamos levar uma vida minimamente normal (reforço aqui o "minimamente")!

Segundo o presidente da NFCPA, o impacto na vida destes doentes é real e é uma verdadeira crise de saúde pública. A dor crónica não pode ser ignorada e neste momento torna-se crucial o reconhecimento desta condição e encontrar soluções de alívio tornam-se vitalmente necessárias. E é uma pena que estes doentes ainda sejam tão mal-tratados pelos seus próximos, mas mais chocante se torna ainda, quando além de não serem reconhecidos, ainda são menosprezados pela classe médica. Aqueles que fizeram o juramento de Hipócrates, são os primeiros a virar as costas a estas pessoas fragilizadas. Claro que, na perspectiva dos familiares destes doentes, se os próprios médicos não reconhecem esta condição clínica, é porque não é real, e rapidamente se enquadram estas situações em quadros psiquiátricos mal resolvidos. 

A NFCPA, uma comunidade mundial que apoia pessoas que sofrem de Fibromialgia e de outras patologias em que a dor crónica está muito presente, concentra os seus esforços na erradicação da estigmatização que estes doentes sofrem, assim como de lutar contra os entraves a tratamentos a que estes estão sujeitos. É pena que este tipo de associações ainda sejam quase inexistentes, o que reflecte bem a importância que estes doentes têm na sociedade real. Apesar de toda a evolução da raça humana e em pleno séc. XXI, onde a informação circula a velocidades vertiginosas, ainda exista tanto preconceito para com algo que não se vê. Lamentável que este tipo de doentes seja catalogado de preguiçoso, sem ambição, ou pior ainda, que gosta de chamar a atenção quando aquilo que mais querem é tão só serem reconhecidos como doentes mas sobretudo que respeitem a sua dor.


Os custos sociais provocados pela dor crónica, afectam não só a pessoa em questão, mas também familiares e amigos próximos. Viver com dor constante faz com que tudo tenha outra perspectiva e os reflexos no seu dia a dia são irreversíveis. Familiares chegados de doentes com dor crónica sentem frequentemente que a sua relação mudou drasticamente com os seus entes queridos, uma vez que este situação tem um efeito de bola de neve: a dor sentida pelo doente faz com que a sua qualidade de vida seja seriamente comprometida, o que se vai reflectir na sua relação com os outros, tanto física como emocional. Por seu lado, os níveis de tolerância de ambas as partes acabam por diminuir pouco a pouco e a situação torna-se difícil de gerir e muitas vezes, desvia para situações dramáticas e irreversíveis.

Não é preciso sentir pena de um doente com dor crónica, mas talvez fosse um bom exercício colocar-se no lugar do outro, nem que seja por umas horas. Basta imaginar o que seria da sua vida, levantar e deitar todos os dias (para o resto da sua vida) com uma sensação de gripe atroz, junte também um calor e sensibilidade cutânea como se tivesse um escaldão por todo o corpo, e já agora, acrescente também um vazio constante a nível cerebral. Um doente com dor crónica não deseja mal a ninguém, apenas quer reconhecimento e respeito pelo seu estado de saúde.

"Todos podemos controlar a dor excepto aquele que a sente." - William Shakespeare

Fonte

14 de julho de 2017

Protocolo Auto-imune - os erros mais comuns

Quando iniciamos uma mudança nas nossas vidas, é frequente cometermos alguns erros e com isso atrasamos os nossos objectivos. No protocolo auto-imune as coisas não são diferentes e é comum deixarmo-nos levar por rotinas ou hábitos, que involuntariamente acabam por não nos ser benéficas.
Deixamos aqui os erros mais comuns de quem inicia o protocolo paleo auto-imune

Começar a pouco e pouco


Todos conhecemos a dificuldade de uma dieta restritiva. Mesmo que já conheça e pratique a paleo há algum tempo, a transição para o protocolo pode ser uma passagem um tanto ou quanto assustadora. Quando falamos de protocolo, estamos a falar de reverter ou curar doenças auto-imunes, ou no mínimo, devolver a qualidade de vida de forma a que consiga levar uma vida "normal". Em paleo, recomenda-se com alguma regularidade, fazer uma transição gradual. Mas com o protocolo, para obter os melhores resultados, uma transição gradual talvez não seja a melhor solução. Isto porque ao fazê-lo, vai demorar mais tempo a largar velhos hábitos e nunca mais se livra do "só hoje!" O ideal é estudar bem o protocolo e escolher um dia para começar com os dois pés. 

Deixar toda a medicação

Quando se começa a ler sobre o protocolo, vemos muitos relatos de pessoas que deixaram toda a medicação. Não nos podemos esquecer que, o protocolo promove efeitos mais ou menos rápidos dependendo de diversos factores: da condição da inflamação, do estado da doença, do tipo de alimentação que praticava, dos restantes hábitos de saúde, etc. Mas, e apesar de ser uma abordagem perfeitamente natural para combater situações crónicas, se estiver a tomar medicação para a sua condição de saúde, não deve retirá-la por sua iniciativa. Imponha-se a mudança alimentar e os resultados aparecerão. Confie no processo e discuta sempre as mudanças de medicação com o seu médico assistente.

Não levar o protocolo a 100%

Quando se adere à paleo, fala-se muito sobre o perfeccionismo paleo. Uns encaram a mudança de hábitos alimentares de forma radical, mas é frequente ler ou ouvir que, ao seguir a regra 80/20, já estará a fazer mudanças significativas na sua vida, sem entrar em extremismos. O que significa a regra 80/20? Significa que, se estiver a cumprir durante 80% do tempo, pode quebrá-las quando necessário. Claro que, havendo saúde e se o objectivo for o de perder peso, isto até pode resultar. Mas se houver doença auto-imune, o caso muda de figura. Nestes casos, TEMOS MESMO que a seguir a 100%. É preciso que entendam que estamos a tratar de reverter condições de saúde, e na maior parte dos casos, é possível eliminar toda a medicação química. Estamos literalmente a transformar os nossos genes. Imagine um casamento com apenas 80% de compromisso. Não resulta, pois não? Então, é preciso investir a 100% na nossa saúde, pois só assim obteremos os resultados pretendidos.

Focar-se demais nos alimentos eliminados

Uma das expressões que mais se ouve quando se fala no protocolo, é logo o: "mas se não posso comer isto ou aquilo, não como nada!"Esta é uma regra geral em todas as dietas de eliminação. Quando se abstém de comer certos alimentos ou grupos de alimentos, considere que pode substituí-los. Neste caso, elimina alimentos que lhe são nocivos e substitui-os por alimentos bons para si. 
Nesta mudança, convém focar-se em alimentos nutricionalmente mais ricos, como miudezas, carne e peixe de boas origens, vegetais e frutas de qualidade. Embora estas opções já fizessem parte das suas escolhas diárias (ao praticar paleo), estes critérios são para serem levados ainda mais a sério. As miudezas podem ser consumidas diariamente com óptimos resultados de saúde, e a maioria das pessoas pode dar-se ao luxo de adicionar diariamente algumas doses extra de vegetais não amiláceos. Pense nisso desta forma: se retira os alimentos inflamatórios, é preciso adicionar alimentos anti-inflamatórios. Dentro das escolhas alimentares, é tão importante o que não comer, como o que DEVE comer. A cura não acontecerá enquanto o corpo estiver com falta de nutrientes - o que é uma das maiores causas de auto-imunidade - e apenas evitar alimentos inflamatórios não está a dar ao corpo mais nutrientes. O protocolo é realmente sobre concentrar-se em comer muitos alimentos ricos em nutrientes e em diversas qualidades.

Focar-se no aporte calórico


Muitas pessoas que adoptam o estilo de vida paleo como uma forma de perder peso. Mas se tiver que optar pelo protocolo, é melhor relegar esse objectivo para segundo plano. Durante o seu processo de cura ou recuperação, o seu corpo não será tão eficiente como poderia ser, se você não estiver com os níveis de energia adequados. Preste mais atenção aos macronutrientes - proteínas, gorduras e hidratos de carbono - e certifique-se de que não estará a exigir demais de si e do seu corpo. Saltar refeições, não ingerir proteína suficiente e exercitar-se demasiado, resultam num déficit calórico. O que nesta situação nem sempre é o mais adequado pois o seu corpo nesta fase, precisa de toda a energia possível. Muitas pessoas relatam perda de peso inesperada e/ou involuntária, ou lutam para recuperar o peso que perderam durante o processo. Não apresentará nenhum problema se, enquanto durar a perda de peso e se sentir bem. Mas se com isso sentir dores de cabeça, náuseas ou tonturas, pode significar que esteja a consumir menos do que aquilo que o seu corpo necessita.

Ignorar a importância da saúde intestinal

De certeza que já ouviu falar que "toda as doenças começam no intestino". Ao seguir o protocolo auto-imune, esta expressão ainda faz mais sentido. Uma alimentação paleo é geralmente uma boa forma de começar, mas a sua alimentação no protocolo deve incluir abundantes alimentos curativos intestinais. Os alimentos probióticos, como kefir, chucrute, iogurte de leite de coco e suplementos probióticos, devem compor diariamente os seus pratos. A remoção de alimentos que contribuem para problemas intestinais e a adição de alimentos que melhorem as suas condições, acabará por levar a um sistema imunológico regulado e equilibrado. Todos podem dar-se ao luxo de melhorar a sua flora intestinal usando fontes de alimentos de verdade. 

O nosso sistema imunológico permanecerá hiperactivo se for continuamente estimulado por intolerâncias alimentares. No entanto, há outro lado dessa equação, e esse é o poder de cura de alimentos nutritivos. Precisamos de uma nutrição rica e diversificada para que nossos corpos se reconstruam ao nível celular. Existem alimentos específicos que ajudam neste processo: carnes de órgãos, frutos do mar, caldo de osso, gorduras saudáveis e muitos legumes frescos e fruta. Com uma dieta de peito de frango e sobremesas modificadas não vai chegar lá. 

Não programar as refeições


Se em paleo normal, é fácil e rápido "montar" uma refeição, o mesmo não acontece em protocolo. A preparação é a chave para o sucesso enquanto segue qualquer mudança alimentar, mas é de extrema importância quando existem novas limitações. É preciso programar as refeições e ter sempre algo pronto, sobretudo para os dias em que há menos vontade ou tempo de cozinhar. Há coisas que deve ter sempre no frigorífico ou congelador, tais como sopa, carne, caldo de ossos, refeições já preparadas de peixe e carne. Se precisar de dicas, pode ver aqui.

Negligenciar o sabor da comida

Um dos aspectos mais restritivos do protocolo auto-imune é restrição no consumo das especiarias. É preciso recorrer à criatividade, usando gengibre, açafrão, canela ou outras ervas que encontrar. O segredo é mesmo a informação. Quanto mais informado estiver, maior liberdade sentirá ao confeccionar as suas refeições. Adoptar uma atitude negativa quanto à comida e aos temperos que não pode usar, não lhe vai adiantar de nada. Porque não aproveitar a mudança, e tentar novas receitas? De certeza que terá agradáveis surpresas, se estiver disposto a isso.

Descurar outros aspectos da vida quotidiana

A dieta é um componente crucial na cura, mas não é a única. Por exemplo, sabia que a privação do sono influencia os genes inflamatórios no seu corpo, perturba o seu sistema imunológico e desregula o seu sistema hormonal? 8 horas por noite é o mínimo que precisamos, mas o ideal seria entre 9 a 10 horas. O sono precisa ser consistente, para que o seu corpo possa regenerar-se. 


No caminho de uma mudança de estilo de vida séria e permanente, o stress é outro factor que simplesmente não pode ser descurado. Pense nas situações que lhe provocam stress e na forma como se sente com isso. Nós tendemos a pensar que as áreas stressantes na nossa vida estão fora de controle, mas muitas vezes temos mais poder do que estamos dispostos a admitir. A negatividade pode-se cultivar tanto nas reações emocionais como físicas, o que pode levar a retrocessos no seu processo de cura. Exercícios de yoga, apanhar luz solar, praticar exercícios de baixo impacto como andar e meditação são formas fáceis de incorporar mais relaxamento no seu dia a dia para a cura mais efectiva.

Embora a sua dieta possa ser perfeita, as pequenas coisas da vida quotidiana podem prejudicar ou atrasar os seus esforços. 

Pressa na reintrodução dos alimentos eliminados

O protocolo auto-imune não é fácil de fazer. É restritivo e demorado. A coisa mais importante a lembrar, é ser paciente durante o processo de cicatrização. O protocolo auto-imune não pode ser acelerado. Um dos erros mais comuns que as pessoas cometem é reintroduzirem os alimentos demasiado cedo, simplesmente porque se sentem melhor. O que pode acontecer nesses casos é que apesar de se sentir bem, podia sentir-se ainda melhor e estará a abrir caminho para um novo surto mais cedo. Muitas pessoas caem no erro de, ao reintroduzirem um determinado alimento e não terem tido reações adversas no primeiro momento, significa que o seu corpo o aceita. Pode não ser assim. O facto de ter adoptado uma alimentação limpa nos últimos tempos, deixa o seu corpo mais preparado para alguma reação mais adversa que determinado alimento possa provocar. Mas não significa que ao fim de algum tempo, que o seu corpo não dê sinal e volte o mal-estar e o desconforto. 

Fala-se numa reintrodução ao fim de 30 dias. Ela pode acontecer após 30 dias! Ainda assim, só porque funciona para algumas pessoas, não significa que funcione consigo. Leve as coisas com calma e leve a reintrodução muito a sério. Se não sabe como proceder, veja aqui.

Isolar-se

Alguns de nós têm a sorte de ter pessoas nas nossas vidas que apoiam completamente a nossa jornada de cura. O mesmo vale para os amigos. Não inicie este processo sozinho. Apesar de poder ter o apoio da família e amigos, é essencial ter um grupo de suporte com pessoas que têm os mesmos sintomas e sentem as mesmas limitações. Cada vez existe mais literatura sobre o protocolo e mais grupos de apoio nas redes sociais. A maioria é estrangeira, mas também existem em português. Se quiser saber mais sobre o grupos de protocolo auto-imune, veja aqui.

Se quiser saber mais sobre o protocolo, consulte os artigos do blog.



7 de julho de 2017

Alodínia e Fibromialgia

Quem sofre de Fibromialgia ou dor crónica, depara-se muitas vezes (mesmo muitas vezes) com o problema da dor. Quem nunca sentiu dor ao ser tocada pelos lençóis da cama? Sabe o que é sentir dor, ao sentir uma rajada de vento a passar pelo corpo? E desconforto horrível sentido com qualquer peça de roupa, mesmo tendo sido usada vezes sem conta? Para quem está de fora, parece exagero. Mas, caríssimo leigo, de exagerado não tem nada. Esta sensação de dor exacerbada é real, e tem um nome...ALODÍNIA! E é mais um sintoma da Fibromialgia.

A melhor forma de explicar a alguém de forma a que perceba, é pedir para que pense nas zonas mais sensíveis do seu corpo. Tanto pode ser nos lábios, dedos, língua, não importa. Agora imagine a totalidade do seu corpo, incluindo os músculos, serem compostos pelos mesmos tecidos e nervos dessa sua zona mais sensível. Agora imagine essa zona ser constantemente estimulada, o dia inteiro, e com "sorte", também durante a noite. É isso que sente um fibromiálgico quando o vento passa por ele, ou quando a roupa magoa.



Então, o que é alodínia?

Pesquisadores da Universidade de Cardiff, com sede no Reino Unido, explicam que "a dor neuropática é causada por dano ou disfunção do sistema nervoso central e periférico em vez de estimulação de receptores de dor". Se tem ou já leu sobre Fibromialgia, estas conclusões devem ser-lhe tremendamente familiares. Na verdade, eles acrescentam que "a dor neuropática geralmente resulta em dores" espontâneas ". Algumas dessas sensações parecem ter "vida própria" e são bizarras. Sensações, dores estranhas e espontâneas? Ou seja, no da a dia de um doente com Fibromialgia essas dores estranhas e espontâneas têm o nome de alodínia.

Alodinia, vem do grego allo (outro) e odyne (dor), envolve uma mudança no sentido da dor, da qualidade de uma sensação, seja de que tipo for. Estímulos sensoriais que em situações normais não provocam dor. 

Trata-se de uma disfunção da actividade cerebral que se manifesta como uma sensação de dor quando, normalmente, o estímulo não é doloroso. Quando uma pessoa tem uma sensação e os impulsos que chegam ao cérebro são interpretados como uma sensação desagradável, produz-se dor. Isto pode acontecer porque o impulso é realmente doloroso ou porque a mensagem das fibras nervosas está alterada. Pode-se estar a estimular determinadas áreas do corpo sem implicar dor, mas o cérebro pode interpretá-las como uma sensação dolorosa. Por essa razão, quando tocamos a pele, há uma sensação de desconforto, como se a parte tocada tivesse sofrido uma queimadura, por mais leve que seja o atrito no local afetado.


Porque é que isto acontece?

Esta forma de dor vem de um mau funcionamento de nervos chamados nociceptores. O trabalho dos nociceptores é detectar informações específicas no seu ambiente, como temperatura e coisas que podem causar danos, sobretudo no nível da pele.

Sabe como às vezes a sua mão se encolhe junto de um objecto quente antes mesmo de perceber que está prestes a queimar-se? Isso é devido à ação única dos nociceptores, que realmente funcionam por conta própria, sem ter que enviar sinais para o cérebro e obter uma resposta de volta.

Na fibromialgia, por algum motivo, os  nociceptores começam a perceber que todos os tipos de sensações são dolorosas. Os pesquisadores acreditam que faz parte da sensibilização central associada à fibromialgia, síndrome de fadiga crónica e algumas outras condições.

Tipos de alodínia

Existem três formas de alodínia:
- Primeiro é o toque ou o tátil, ou seja, a dor que vem do toque de, por exemplo, roupas contra a pele. - A segunda é a alodínia mecânica que é causada pelo movimento em toda a pele de coisas como toalhas usadas para secar, escovar lençóis e sim, mesmo o vento. 
- Por último, é a alodínia térmica ou relacionada à temperatura. Acontece quando temperaturas quentes ou frias que não são extremas o suficiente para danificar seus tecidos. Mas com alodínia, essa sensação intensifica-se, então podemos referir uma sensibilidade à temperatura.

A mesma pessoa pode sentir apenas uma das formas de alodínia, mas também pode sentir as três. O que parece inequívoco é que alodínia e fibromialgia, andam quase sempre, de mãos dadas.

6 de julho de 2017

Probióticos - os vários tipos

LEITES FERMENTADOS

  •  “IOGURTES”

Todos são leite fermentado e quando utilizamos a palavra IOGURTE é ao Búlgaro que devemos esse nome.
Lactose: Apesar da fermentação metabolizar parte da lactose em glucose e galactose, não o faz por completo. Se não se dá com os iogurtes de compra, provavelmente com estes também não. O problema reside na intolerância à caseína, pois esta continua sempre presente em todos os produtos lácteos. Mas se não tem intolerância à lactose nem à caseína, não custa experimentar. As bactérias em acção são diferentes.
Temperatura: O Búlgaro é o único que precisa do leite aquecido para ser feito. Os outros são, supostamente, para fazer em temperatura ambiente, mas isso funciona no inverno ou em temperaturas de preferência nos 25ºC ou abaixo. No verão, convém usar uma “estufa de frio”.
Tempo útil de vida: Duram geralmente entre 5 a 7 dias no frigorífico. Depois disso começam a ganhar soro e vão-se deteriorando até se tornarem irrecuperáveis.
Nota: Com o Cáspio já foram relatados períodos de conservação no frigorífico superiores a 15 dias.
Ao contrário dos iogurtes que fazíamos em iogurteira usando um iogurte comprado, que ao fim de algumas gerações perdia qualidade e era necessário comprar outro, estes duram por tempo indefinido.
Conservação: Os iogurtes podem ser congelados ou desidratados caso queira fazer uma pausa mais prolongada no seu consumo.

BÚLGARO


Originário da zona da Bulgária. Este é o original do iogurte que compramos no supermercado ou fazemos na iogurteira. O mais ácido de todos. Menos sólido que o de compra e não tão homogéneo.





CÁSPIO 



(Matsoni ou CSY: Caspian Sea Yoghurt) Originário da zona do mar Cáspio. Tão sólido (ou mais) que o Búlgaro e mais homogéneo, no sentido de ser mais parecido com os iogurtes de compra. Menos ácido.






FIL MJÖLK 
Atribui-se a sua origem à Suécia ou Finlândia. O Fil Mjölk é parecido com o Cáspio e muitos
consideram-no menos denso e menos homogéneo que o Cáspio.


VIILI 

Originário da Finlândia. Existem duas versões: uma viscosa (Viili longo). Denso e homogéneo, com uma consistência bem diferente dos outros 3 ou dos que se compram. Forma uma “capa” (casquinha) à superfície (sobretudo após 48h no frigorífico) resultado da acção de um fungo inofensivo. O Viili forma o que se chamam de “cordas” e a sua viscosidade característica desagrada a muitas pessoas. A outra versão é menos viscosa (Viili curto) e mais parecida com os outros iogurtes.



  • KEFIR

(também conhecido em Portugal por flor do iogurte)

O kefir é um SCOBY (do inglês: Colónia simbiótica de bactérias e leveduras), o que significa que os microrganismos que compõem essa colónia vivem em simbiose, numa relação de mútua dependência.
Os grãos têm cor branca leitosa ou amarelada. São parecidos com pequenos pedaços de couve-flor,
embora existam variantes de aspecto muito diferente. Tal como os iogurtes, o kefir produz um leite fermentado.
Leite: Dá-se bem com qualquer tipo de leite: cru, UHT, pasteurizado ou em pó. Gordo, ½ gordo ou magro. Vaca, cabra, ovelha...
Lactose: A colónia alimenta-se principalmente da lactose, o açúcar do leite. Esta é toda metabolizada em dois açúcares simples, glucose e galactose, desde que a fermentação se prolongue por tempo
suficiente ou aumentando a quantidade de grãos em relação ao leite. Tornar o leite fermentado “livre” de lactose, deixa-o demasiado ácido para o paladar de muitas pessoas.
Leites/Bebidas vegetais: Pode ainda utilizar bebidas vegetais, mediante a combinação com
leite ou a alternância entre os dois se não quiser consumir leite. Os resultados são diferentes dos conseguidos com o leite e a variação resultante de várias marcas de leites vegetais também. E convém
não confundir uma fermentação mal sucedida (pouco comum) com uma
da qual não goste do sabor (muito comum). Nota: Nem todos os microrganismos que habitualmente compõem as colónias de kefir se alimentam de lactose ou apenas desse açúcar. Por isso é possível efectuar fermentações bem sucedidas em bebidas vegetais. No entanto, a capacidade de uma determinada colónia em funcionar bem sem lactose e manter a sua capacidade de crescimento ao retornar à lactose, varia conforme a sua microflora específica. Evite menos de um mês sem lactose. Há quem os alimente com lactose 1x por semana.
Temperatura: Para fazer em temperatura ambiente, mas evite acima dos 30ºC e abaixo dos 5ºC.
Tempo útil de vida: Teoricamente, os grãos duram “para sempre” se bem cuidados. Vão-se
reproduzindo.

KEFIR / KEFIILI

Kefiili é uma expressão que, se não erro, foi cunhada por Dominic Anfiteatro, uma referência mundial no mundo do Kefir, o mesmo que, creio, batizou o kefiran e a kefiraride. O Kefiili obtêm-se expondo grãos de kefir ao “iogurte” Viili. O resultado é um fermentado tipo iogurte Viili produzido pelos grãos do kefir. Mas esqueça o coar facilmente. A densidade do fermentado, apesar de não ser tão intensa quanto a do “iogurte” Viili, torna esse processo mais difícil. O Kefiili funciona muito bem em unidose, podendo usar grãos
 grandes para fazer “iogurtes” de “Kefiili”. Tem um sabor menos ácido e parecido com o “iogurte” Viili”. Se tem kefir a funcionar em paralelo com o kefiili, tenha cuidado para não contaminar. Os cuidados referentes a esta pequena variação do Kefir são os mesmos que o “original”.
Nota: Estes resultados foram obtidos com leite pasteurizado gordo.



  • FERMENTO PARA PÃO

(Conhecido por: Massa …Azeda ou …Lêveda ou …Madre. Ou por Isco ou Sourdough)
A massa lêveda é uma pequena quantidade de farinha e água que se deixa fermentar num local morno, sem adição de fermentos ou de leveduras, para depois misturar com uma maior quantidade de
farinha com o objectivo de preparar massa para pão. Algumas fontes usam a expressão “massa lêveda” para referir uma massa a que foram adicionadas leveduras, para a confecção de pão ou bolos. Também se utiliza a mesma expressão para uma massa que é feita em duas etapas: na primeira faz-se um Isco ou “começo” (starter), misturando uma pequena quantidade de farinha com fermento, deixa-se levedar e depois junta-se esse Isco ao resto da farinha.


  • (LACTO) FERMENTAÇÃO DE VEGETAIS 


Muito provavelmente já comeu: pickles, chucrute, couve roxa, cornichons, Kimchi, kvass...
Não são difíceis de fazer e depois de ganhar o jeito, ficará com legumes fermentados para meses. Com a vantagem de saber o que está a comer. Sobretudo se tiver horta. Os vegetais podem ser fermentados usando starters específicos, como o soro do Kefir o líquido da Kombucha / Tibicos ou até mesmo vinagre de cidra. Muitas pessoas recomendam, no entanto, que sejam usados apenas água, sal e as bactérias que estão naturalmente presentes nos vegetais e nas nossas mãos e utensílios depois de bem lavados.
Em relação aos outros fermentados partilhados no grupo, existem algumas diferenças:
a) Não é necessária a partilha de organismos fermentadores tal como é para o kefir ou os Tibicos;
b) Os tempos médios de fermentação são mais longos, recomendando-se entre 2 a 4 semanas. Nota: Embora haja quem faça fermentações de poucos dias, crê-se que os efeitos probióticos são reduzidos (ou nulos) já que não há tempo para que os microrganismos fermentadores atingirem uma contagem microbiana suficiente;
c) As fermentações são mais fáceis de fazer sem ar, hermeticamente fechado e de preferência (mas não obrigatório) com borbulhador (airlock) para prevenir o surgimento de bolor.
Receita aqui: https://sabervivercomfibromialgia.blogspot.lu/2017/05/couve-fermentada.html


  • TIBICOS (também conhecidos por Kefir de água ou Tibi, entre muitos outros nomes) 


Os Tibicos são um SCOBY. Os grãos são translúcidos e gelatinosos. Podem ser mais claros ou mais escuros, conforme o tipo de açúcar utilizado. Na sua forma mais simples de preparar, fermentam água com açúcar. Também podem ser usados para fermentar, por exemplo, leite, infusões, sumos e bebidas vegetais (com ou sem açúcar). O resultado final é uma bebida entre o doce e o ácido, conforme o tempo deixado a fermentar. Pode ser aromatizada de várias maneiras, sobretudo usando-se frutas e sumos e, dependendo da forma como se elabora, pode ser, ou não, gaseificada.
Açúcar: A fermentação degrada a sacarose em frutose e glicose. Estes açúcares não desaparecem (mas são melhor absorvidos pelo nosso organismo), sendo “disfarçados” pela acidez progressiva. Temperatura: Para fazer em temperatura ambiente, mas evite acima dos 30ºC e abaixo dos 5ºC. Tempo útil de vida: Teoricamente, os grãos duram “para sempre” se bem cuidados. Vão-se reproduzindo.


  • JUN 

O Jun é um biofilme e, tal como o Kefir e os Tibicos, um SCOBY. (idealmente puro) como fonte de energia. Os procedimentos e modos de utilização / consumo do Jun são iguais aos da Kombucha e se já usa este fermentado, não terá dificuldade em adaptar-se à produção do Jun.
Apesar de menos conhecido e mais raro, é como uma Kombucha que em substituição do açúcar, usa o mel
Açúcar: O mel de abelha é uma mistura de dois monosacarídeos (dextrose e frutose). Tal como para a Kombucha, não disponho de informação concreta quanto a esta questão. Suponho que uma parte dos açúcares será consumida, outra será disfarçada pela acidez. Existem alguns estudos sobre a Kombucha mas não conheço um único sobre o Jun. Em termos de cuidados com as bolachas, desde a temperatura a questões de higiene é em tudo semelhante à Kombucha.


  • KOMBUCHA 

A Kombucha é um biofilme e um SCOBY. A colónia é uma “bolacha” de cor acastanhada que
fermenta, geralmente, chá preto ou verde, açucarados.
Açúcar: Não disponho de informação concreta quanto a esta questão. Mas muito provavelmente acontece o mesmo que aos Tibicos. A sacarose desaparece e a frutose e glicose aumentam. A Kombucha também é usada para fazer vinagre se deixada vários meses no mesmo chá ou usando muitas bolachas no mesmo recipiente.
Temperatura: A cultura de Kombucha beneficia de um lugar morno (mas não abafado ou húmido). Recomenda-se que a temperatura do chá não caia abaixo dos 10ºC nem se eleve acima dos 30ºC. A temperatura ideal anda ao redor dos 22ºC. No entanto, passaram já vários anos de uso e nunca me preocupei em controlar a temperatura ambiente e até agora tem corrido bem. Até porque a Kombucha aguenta temperaturas dentro do frigorífico.
Tempo útil de vida: As bolachas têm tempo de vida limitado, podendo durar anos. Como se reproduzem se bem cuidadas, o seu tempo de vida é “ilimitado”.

Fonte: Grupo "Probioticamente"

27 de junho de 2017

Caseína

38% da matéria sólida do leite é composta de proteína. E dessa proteína, 80% é composta por caseína e o restante pelo soro de leite.  A diferença entre soro e caseína reside na forma como são digeridos e como reagem no nosso corpo. A proteína do soro é digerida e absorvida rapidamente pela corrente sanguínea, o que provoca um rápido aumento da insulina. Este processo estimula o IGF-1 (factor de crescimento da insulina), presente na criação e proliferação de novas células cancerígenas. 


Como a caseína é digerida de forma muito lenta, as substâncias naturais de tipo morfina na caseína conhecidas como casomorfinas, actuam como opiáceos no corpo, à medida que entram na corrente sanguínea. Poucos minutos depois de ingerir um alimento à base de leite, a caseína leva à produção de casomorfinas, que se ligam aos receptores de opiáceos no cérebro e causam dependência aos produtos lácteos (daí o motivo pelo qual se torna muito difícil deixar de os ingerir). As casomorfinas desencadeiam uma resposta tão viciante que foram comparadas com heroína em termos de força para causar dependências alimentares e distúrbios do humor.


Os sintomas comuns de sensibilidade láctea devido à caseína são: produção excessiva de muco, problemas respiratórios e problemas digestivos como obstipação, flatulência, inchaço, diarreia., mas também problemas de pele como acne, erupções cutâneas e vermelhidão ou irritação, fadiga e insónia. Também intensifica o chamado "brain fog" e aumenta a intensidade de estados de depressão.


Os sintomas começam a revelar-se logo na infância. Crianças alimentadas a leite e produtos lácteos, desenvolvem com muito mais facilidade, doenças do foro respiratório e começam desde cedo a ser tratadas com antibióticos. O uso recorrente de antibióticos, leva a uma irritação mais significativa do intestino levando à inflamação. Se a isto juntarmos uma sensibilidade ou intolerância a lacticínios, criam-se as condições ideais para levar a uma maior permeabilidade intestinal. O intestino permeável permite que as proteínas lácteas passem no sangue e sistema linfático, o que ativa o sistema imunológico.


Para uma pessoa saudável, sem intolerância ou alergia a produtos lácteos, sem doenças auto-imunes e sem outras condições em que um intestino permeável possa ser um potencial contribuidor, os produtos lácteos podem ser perfeitamente consumidos e até benéficos (especialmente produtos lácteos fermentados e com mais elevado teor de gordura). Mas para os restantes, faz mais sentido eliminar este tipo de produtos pelo período mínimo de 1 mês, e voltar a reintroduzi-los, com intuito de determinar se provoca ou não alguma sintomatologia.

23 de junho de 2017

Não sou eu, és tu!


Carta aberta às pessoas saudáveis

Sou portadora de algumas doenças crónicas, auto-imunes, degenerativas e também invisíveis. Já deves ter ouvido falar de Fibromialgia. Pois bem, essa é uma das minhas amigas invisíveis e é precisamente essa que me traz aqui. De certo que, se já ouviste falar desta doença, que pode ser altamente incapacitante, rapidamente fizeste juízos de valor. É uma doença que não se vê, não se diagnostica, não se mede, mas sente-se e muito. E se não acreditas em mim, o problema não sou eu, és tu!



Imagina não te sentires bem, mas não sabes explicar porquê, nem onde te dói, nem o que sentes, nem quando sentes ou porque sentes, só sabes que algo não está bem. Imagina que queres ir ao médico explicar isto e não tens palavras para descrever o teu estado de espírito. Imagina que no meio das tuas tentativas de explicação ao médico, aquele que é suposto zelar pela tua saúde e pelo teu bem-estar, olha para ti e diz: "Isso é da sua cabeça!" Consegues sequer imaginar como me sinto? Consegues sentir a dimensão da minha desilusão e desespero? Se não consegues, o problema não sou eu, és tu!

Claro que depois disto, o que mais desejas é chegar a casa e seres abraçada por quem te acompanha no dia a dia, seja marido, mulher, filhos, não importa. Só que não. Em vez do calor de um abraço, de um beijo, de um carinho, encontras uma frieza no acolhimento, uma distância na empatia, um desrespeito total pelo que sentes. A preocupação em casa, continua a ser o que é o jantar, quando é o jantar, ou se a roupa está passada a ferro. Consegues imaginar que sinto que não tenho valor para ninguém e que sou uma mera executante das tarefas rotineiras? Se não consegues, o problema não sou eu, és tu!

Imagina sentir 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem parar, sem descanso, dores constantes que te impossibilitam de levar uma vida normal sem pensar se vais conseguir executar esta ou aquela tarefa, sem que se repercuta mais tarde no teu corpo. Imagina como seria levantares-te cansado e deitares-te extenuado. Imagina estares desejoso de acabar o dia porque já não aguentas mais, mas sabendo que o dia seguinte vai ser e-x-a-c-t-a-m-e-n-t-e igual. Imagina estares tão exausto que não consegues conciliar o sono. Imagina que vês as horas a passar e não tens posição na cama. Imagina levantares-te no dia seguinte e ouvires um: "Acordaste mal disposta!" Imagina-te preso a um "time loop" em que este cenário se repete por dias indeterminados. Consegues imaginar um pouco como me sinto? Consegues sentir ao menos um pouco de como me sinto enclausurada no meu corpo? Se não o consegues, o problema não sou eu, és tu!

Agora pensa como seria a tua vida se, de repente acordasses com uma gripe descomunal e que mesmo assim, terias que desempenhar todas a tarefas que esperam de ti: trabalho, casa, filhos, amigos, vida social, etc...Imagina-te preso a este cenário se repete por dias indeterminados. E se ainda achas pouco, imagina que além da gripe, sentes um ardor na pele, nos músculos, nas articulações, como se tivesses adormecido ao sol do meio dia. Sentes também uma comichão e um formigueiro inexplicável por todo o corpo, que te leva quase à insanidade, porque sentes, mas não vês nada. Consegues colocar-te um pouco no meu lugar? Um pouquinho apenas? Se não o consegues, lamento, mas não sou eu, és tu!

Imagina agora, que estás em qualquer lado a falar com alguém, e de repente te esqueces da palavra seguinte que vais utilizar no teu discurso, ou sequer do que estavas a falar, ou pior, esqueces o nome da pessoa que está à tua frente. Imagina ires ao multibanco e estás a marcar o código e de repente, te falham os 2 últimos números e por mais que queiras, não te consegues lembrar. Imagina que, em casa, trocas os lugares às coisas sem dares conta, e ficas doido à procura delas e encontras, por exemplo a tesoura no frigorífico, ou a sopa na dispensa. Imaginas como me sinto, quando me apercebo que não me reconheço como pessoa? Consegues imaginar como me sinto inútil quando ainda por cima, gozas com a situação? Se não consegues, não sou eu, és tu!

Se pensas que era "só" isto, enganas-te. Imagina que vais na rua e encontras uma pessoa amiga, que depois de lhe explicares tudo pelo que tens passado, olha para ti e diz: "mas tens tão bom ar?" Apercebes-te em fracções de segundos, que não acredita em ti, que no fundo, no fundo, julga estares a mentir. E pensas que, se as pessoas que vivem contigo e partilham os mesmos espaços que tu, não acreditam em ti e não te respeitam, não admira que quem está do lado de fora, ainda menos acredita. Imaginas agora que me sinto ainda mais sozinha, isolada, incompreendida mas sobretudo, desrespeitada. 

Imagina tu que, depois de meses a fio, incapaz de funcionar como ser humano, quando tudo está a desmoronar-se à tua volta e tens que decidir entre passar os teus últimos dias com alguma qualidade de vida, a que tens pleno direito ou a continuar a morrer aos bocadinhos, vais a uma junta médica, com esperança de que, finalmente possas ter um reconhecimento e confirmação por quem tem obrigação de o fazer, e te dizem que não estás doente e que tens obrigação de continuar a definhar mais um pouco dia a dia, todos os dias. Consegues agora colocar-te um pouco no meu lugar? Consegues perceber o meu sentimento de asfixia permanente provocado pela incompreensão constante e desrespeito por mim? Se não consegues, o problema não sou eu, és tu!

Muito, mas muito mais haveria por dizer, mas porque eu consigo colocar-me no teu lugar, não te quero sobrecarregar com tanta informação. Mas se com isto tudo pensas que, sou eu que me vou adaptar aos outros, que me vou anular de modo a que os outros me aceitem, ah acredita que o problema não sou eu, és mesmo tu!

Todos os doentes, independentemente das patologias, merecem ser respeitados e não é porque a doença não se vê, não se apalpa, não se diagnostica, que não sejam dignos disso mesmo. Não preciso que tenhas pena de mim, o que eu preciso é que acredites em mim. E até que consigas fazer isso, não sou eu que tenho que mudar, és tu!

19 de junho de 2017

Probióticos


O consumo de probióticos tornou-se uma prática cada vez mais comum nas rotinas de cada um. Mas afinal, o que são probióticos? O consumo de probióticos, seja como suplemento ou sob a forma de alimentos fermentados não pasteurizados, pode ajudar a regular o sistema imunológico. Uma grande quantidade de estudos científicos e clínicos avaliou os vários efeitos deste tipo de bactérias  no intestino (aquelas bactérias intestinais saudáveis) e / ou suplemento probiótico de cepas bacterianas específicas em vários aspectos do sistema imunológico. 

Principais benefícios dos probióticos:

- Facilitam o processo digestivo, ajudando a produzir enzimas essenciais para degradar os nutrientes mais complexos, aumentando a assimilação dos mesmos;
- Diminuem as diarreias, os gases intestinais e a obstipação;
- Previnem as infecções causadas por fungos, leveduras e bactérias nocivas, normalizando o PH intestinal;
- Produzem antibióticos naturais que, ao serem absorvidos pela corrente sanguínea, combatem infecções existentes em todo o corpo e não só nos intestinos;
- Diminuem a absorção do colesterol;
- Ajudam a remover vários tipos de toxinas, minimizando os seus efeitos nefastos;
- Melhoram a saúde da pele;
- Estimulam o sistema imunitário;
- Normalizam a produção de vitamina K e vitaminas do complexo B, nomeadamente a vitamina B12, no intestino.

O uso de probióticos em várias aplicações proliferou nas últimas duas décadas, já que alguns médicos acreditam que um desequilíbrio microbiano no intestino possa ser responsável por uma série de doenças. Sobretudo em distúrbios gastrointestinais, mas também pode ter um papel importante em muitas outras condições. 


Ainda não se sabe muito bem quais os mecanismos que desencadeiam os benefícios dos probióticos no nosso organismo, mas sabe-se que diferentes estirpes de bactérias desencadeiam diferentes respostas no corpo e interagem de forma diferente como o nosso sistema imunológico. Por exemplo, algumas cepas probióticas estimulam a produção de citocinas (mensageiros químicos da inflamação) que promovem o desenvolvimento de células Th1 (o que pode estimular o sistema imunológico para ajudar a combater a infecção e prevenir o cancro). Outras estirpes probióticas estimulam a produção de citoquinas que promovem o desenvolvimento de células T reguladoras, proporcionando assim toda a modulação do sistema imunológico necessária na doença auto-imune. No entanto, outras estirpes probióticas, incluindo várias cepas de lactobacilos, são benéficas em doenças de sistemas imunológicos comprometidos ou excessivamente reactivos.

Embora ainda não tenham sido aprovados pela FDA para o tratamento de doenças auto-imunes, muitos pacientes e clínicos acreditam que os suplementos probióticos podem ser úteis na mitigação dos sinais e sintomas da doença, restaurando o equilíbrio e a função dos micróbios no intestino (onde se acredita que um desequilíbrio causa ou contribui para a desordem). Isto ocorre porque a pesquisa e a experiência clínica mostraram que alguns pacientes com doença auto-imune têm ambientes intestinais significativamente alterados (especialmente aqueles com condições auto-imunes envolvendo o intestino, como doença inflamatória intestinal) e que a adição de probióticos pode realmente ajudar a reduzir ou eliminar a doença Indicadores. Na verdade, a suplementação de probióticos mostrou ser benéfica numa variedade de condições auto-imunes, incluindo: miastenia gravis auto-imune, doenças intestinais inflamatórias, artrite reumatóide, esclerose múltipla e doença da tiróide auto-imune (Hashimoto).

Embora os mecanismos definitivos sejam desconhecidos, existem várias teorias sobre como exactamente os probióticos ajudam a reduzir o impacto de condições auto-imunes. A maioria destes mecanismos envolve a transformação da flora intestinal de disfuncional a normal, o que promove uma vida mais saudável, incluindo uma redução nos distúrbios imunológicos. Esta alteração pode desempenhar um papel na doença, assim como as mudanças que ocorrem localmente dentro do intestino. E também se pensa que o equilíbrio da flora intestinal afecta certos aspectos do funcionamento neurológico. Além disso, a hipótese de higiene é uma hipótese a considerar, embora pouco conclusiva, que sugere que os seres humanos podem ter-se tornado demasiado higienizados para o seu próprio bem ao longo dos séculos, eliminando muitos alvos naturais do sistema imunológicos. Independentemente dos mecanismos, parece que os probióticos muitas vezes têm utilidade para combater os sintomas da doença, o que é, naturalmente, do ponto de vista do paciente, a parte mais importante.

Acredita-se que a suplementação de probióticos e o consumo de alimentos fermentados não pasteurizados proporcionavam benefícios para a saúde ao re-inocular o intestino com estirpes benéficas de bactérias e leveduras. Ter uma variedade e tipos mais saudáveis de microrganismos intestinais seria então responsável pelos benefícios positivos da suplementação probiótica. No entanto, pesquisas científicas recentes colocam essa explicação em dúvida - pelo menos em alguns casos. Um estudo recente sobre a síndrome do intestino irritável predominantemente de diarreia, demonstrou que a administração de suplementos probióticos não alterou a composição da microflora intestinal. Ainda assim é importante salientar que a suplementação de probióticos mesmo nestes casos, continua a ser benéfica. 

Na maior parte das situações, os suplementos probióticos têm efeitos profundos na microflora intestinal. Por exemplo, estudos mostraram diferenças na composição da microflora intestinal após a administração de antibióticos em pessoas que suplementaram com probióticos em comparação com aqueles que não o fizeram. Também pode haver efeitos mais incisivos sobre aqueles com sobrecrescências bacterianas. Os microorganismos probióticos têm a capacidade de afectar a microflora intestinal através de uma variedade de mecanismos, incluindo: reduzir a acidez no lúmen intestinal (a área no meio do "tubo" que forma o intestino), competição por nutrientes, secreção de compostos anti-microbianos pelos próprios probióticos, estimulando a produção de compostos anti-microbianos pelas células e evitando a adesão e a interação de outras bactérias com células epiteliais intestinais. Desta forma, os probióticos podem ajudar a "corrigir" a disbiose intestinal.

O que comemos, tem um efeito profundo nos tipos, quantidades relativas e localização de diferentes bactérias que crescem no intestino - esse efeito é independente dos benefícios de consumir alimentos fermentados ou tomar suplementos probióticos. No entanto, o consumo de probióticos tem o grande potencial para acelerar a cura e modular o sistema imunológico e não deve ser subestimado na gestão de doenças auto-imunes.

Então, quais são as boas fontes de alimento dos probióticos?

- Chucrute cru não pasteurizado
- Vegetais lactofermentados crus não pasteurizados (kimchi, beterrabas, cenouras, pickles)
- Frutos lactofermentados crus não pasteurizados (papaia verde, chutneys)
- Condimentos lactofermentados crus não pasteurizados (ervas e temperos)
- Kefir de água
- Kefir de leite cultivado em leite de coco
- Kombucha
Mais sobre os vários tipos de probióticos aqui

Algumas formas de probióticos devem ser consumidas todos os dias. Normalmente, entende-se que uma pequena quantidade várias vezes por dia é mais benéfica do que uma grande quantidade numa única toma. Quando começar a consumir alimentos probióticos, comece por consumir quantidade muito pequena (apenas 1 colher de chá) e observe como se sente. Algumas pessoas com disbiose intestinal grave podem ter sintomas gastrointestinais mais agudos provocados pelos probióticos. Se vir que não se dá bem com um tipo de probiótico, tente outro. Se mesmo assim, não sentir melhoras com nenhum tipo de probiótico, talvez seja boa ideia dar um pouco mais de tempo ao seu intestino para se regenerar antes de voltar a tentar.

Fontes: 
http://www.autoimmunemom.com/diet/probiotics-gut-bacteria-autoimmune.html
https://www.intechopen.com/books/probiotics/probiotics-applications-in-autoimmune-diseases
http://jn.nutrition.org/content/137/3/798S.full
https://www.thepaleomom.com/the-benefits-of-probiotics-teaser-excerpt-from-the-paleo-approach/
https://www.enetural.com/pt/artigos/aparelho-digestivo-e-flora-intestinal/probioticos-os-melhores-amigos-do-intestino_349art/

8 de junho de 2017

A mulher responsável pelo protocolo paleo auto-imune


Sarah Ballantyne, médica, (conhecida como The Paleo Mom) é a blogueira que está por trás do premiado blog www.thepaleomom.com, é co-autora do melhor podcast The Paleo View, e dos livros "The Paleo Approach", "The Paleo Approach Cookbook", e "The Healing Kitchen".


Sarah tem muitos interesses e talentos, o que se reflecte na diversidade do blog. Lá encontrará explicações sobre a dieta e estilo de vida paleo cientificamente comprovados, juntamente com as mudanças de sucesso em pessoas com doença auto-imune, artigos relacionados à implementação prática de uma dieta e estilo de vida paleo, informação útil para famílias paleo e crianças, e receitas que abrangem todo o tipo de alimentos, refeições rápidas e fáceis, pratos gourmet, refeições para ocasiões especiais, lanches e assados compatíveis com o protocolo auto-imune para aqueles que sofrem de doenças auto-imunes (como Sarah).

Sarah iniciou sua carreira académica em física, fazendo um bacharelado com distinção pela Universidade de Victoria, Canadá, em 1999. A sua tese teve como tema, a radioterapia no cancro de próstata. Sarah obteve seu diploma de doutoramento em biofísica médica na Universidade de Western Ontario em 2003, aos 26 anos. A sua tese de doutoramento intitulava-se "Lesão progressiva do fígado durante a síndrome de resposta inflamatória sistémica: heme oxigenase como alvo terapêutico". A sua pesquisa de doutoramento abrangeu inflamação, imunidade inata, enzimas anti-inflamatórias e antioxidantes endógenas, técnicas de terapia genética, microcirculação e biologia vascular, saúde hepática e medicamentos para cuidados intensivos.

Passou os quatro anos seguintes em pesquisas como assistente pós-doutorado no departamento de Cardiologia do Hospital St. Michael em Toronto, Canadá e depois no Departamento de Biologia Celular da Universidade do Arizona. Em Toronto, Sarah continuou a sua pesquisa no campo da imunidade inata, inflamação, biologia vascular, terapia de cuidados intensivos e terapia genética, com um novo foco na Síndrome de Distúrbio Respiratório Agudo e o papel dos factores de crescimento angiogénicos no controle da inflamação e do sistema imunitário. Em Tucson, Sarah mudou de rumo e estudou biologia de células epiteliais com foco particular nas proteínas necessárias para a manutenção da polaridade de células epiteliais e caracterização de um novo supressor de tumor. O foco de Sarah incluiu o tráfego celular (como as células que transportam proteínas de uma parte para a outra de forma direccionada) e a biologia do cancro.

Ao longo da sua carreira académica, Sarah ganhou uma variedade de prémios, incluindo: prémios de excelência em pesquisa, incluindo a American Physiological Society (3 anos seguidos) e o Instituto Canadense de pesquisa em saúde / BioContact Quebec (1º lugar); muitas bolsas de estudo, incluindo o National Science and Engineering Research Council of Canada (CRSNG), a Fundação Canadense dos Cardiopatias (HSF), a Pfizer Canada (através da parceria do HSF) e a Iniciativa de Treinamento Estratégico dos Institutos de Saúde dos EUA (IRSC) Pesquisa de Saúde Cardiovascular (TACTICS); E uma bolsa de pesquisa através do Programa Especializado em Pesquisas Gastrointestinais da Universidade do Arizona Cancer Center (GI-SPORE, um programa de concessão do Instituto Nacional de Saúde). Apesar da carreira académica relativamente curta de Sarah, ela registou uma patente (nos EUA e no Canadá) e publicou 14 artigos em revistas científicas revisadas por pares (incluindo 7 primeiros artigos de autores e 12 dos quais podem ser vistos aqui), vários dos quais ainda hoje continuam a ser altamente recomendados, e 25 resumos apresentados em conferências internacionais.


Verão de 2005 - pesava mais de 120 kgs
Embora Sarah desfrutasse de uma carreira académica de sucesso, optou por se tornar uma mãe de família após o nascimento da sua primeira filha. A decisão de Sarah de cortar com a pesquisa clínica aquando do nascimento da filha deve-se ao facto de ela valorizar imenso a sua própria mãe durante a sua educação e de saber que não poderia desempenhar o papel de mãe extremosa e uma carreira académica de sucesso em simultâneo, sem que a sua saúde se ressentisse. Nesta fase, Sarah era obesa mórbida e sofria de mais de uma dúzia de doenças auto-imunes ou de co-relação auto-imune.

Depois do nascimento da sua segunda filha, Sarah descobriu o estilo de vida paleo, que teve um efeito incrível sobre a sua saúde, incluindo a perda de peso de mais de 50 kgs! Ao longo do tempo, ela atenuou e reverteu uma longa lista de sintomas e patologias, incluindo: tiróidite de Hashimoto, Fibromialgia, síndrome do intestino irritável, refluxo esofágico, enxaquecas, ansiedade, asma, alergias, psoríase, líquen plano. Na verdade, Sarah conseguiu deixar de tomar seis medicamentos prescritos, alguns dos quais tomava há 12 anos, em duas semanas de mudança de dieta. As melhorias dramáticas na qualidade de vida de Sarah convenceu-a a nunca mais voltar aos seus hábitos alimentares anteriores. E rapidamente se tornou uma defensora apaixonada e entusiasta do estilo de vida Paleo, o que levou à criação deste blog.

Sarah é apaixonada por literatura científica e pela desmistificação de conceitos científicos em explicações directas e acessíveis. Como cientista tanto por experiência como por natureza, Sarah interessa-se profundamente em entender como os alimentos que comemos, interagem com a nossa barreira intestinal, sistema imunológico e hormonas que influenciam a nossa saúde. A curiosidade inata de Sarah vai muito mais além do que apenas entender a dieta, está também profundamente interessada em factores de estilo de vida como sono, stress e actividade. Sarah acredita no verdadeiro sentido desta forma de comer e viver, comprovada pelos milhares de artigos científicos disponíveis.

Além de uma cientista de sucesso, também é uma esposa e mãe devotada. Era importante para Sarah melhorar a saúde de sua família, além de controlar as suas próprias condições de saúde. Sarah converteu com sucesso o seu marido inicialmente céptico e duas jovens filhas à dieta e estilo de vida paleo. Foi um caminho longo e tortuoso (cheio de desafios e vitórias, mas também revezes), mas a diferença na saúde da sua família também foi profunda. No seu blog, Sarah fala sobre os desafios de criar uma família paleo e viver numa família onde os membros têm necessidades alimentares diferentes uns dos outros. Na verdade, foi essa parte da jornada de Sarah e a identificação de Sarah, em primeiro lugar, como mãe que inspirou o nome deste blog.

Sarah também sempre adorou comida e adora cozinhar. Ela adora ser criativa na cozinha e encontrar formas de reinventar pratos clássicos. Cozinha principalmente para a sua família, e é por isso que verá uma diversidade dessas receitas no seu blog. Ela acredita que, mesmo alimentos simples e saudáveis podem ​​resultar em experiências e pratos surpreendentes mas que também pode haver espaço para algumas guloseimas ocasionais (depende de cada indivíduo). Sarah também gosta de desenhar, e sim, as ilustrações da figura do bastão e as ilustrações mais técnicas deste blog e dos seus livros são suas próprias criações.

As experiências pessoais de Sarah com doenças auto-imunes são o motivo da grande quantidade de conteúdo auto-imune no seu blog e a razão pela qual seus dois primeiros livros estão focados em como modificar uma dieta paleo de forma a reverter a doença auto-imune. No entanto, este não é apenas um blog auto-imune. O ThePaleoMom.com é um blog centrado na família, um blog de alimentos, um blog de "como" e "porquê", um blog de ciências. Sarah aborda a dieta Paleo de uma forma realista e com foco na sustentabilidade a longo prazo, que entende a natureza individual de cada um de nossos corpos e que diferentes escolhas de dieta funcionam melhor para diferentes pessoas. É um blog que respeita as suas escolhas e compartilha tanto as lutas como os sucessos. É um blog projectado para explicar o porquê de um estilo de vida Paleo para informar suas escolhas e dar-lhe as ferramentas necessárias para ser bem-sucedido.

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Para saber mais sobre a sua própria história de transformação, veja aqui.