23 de maio de 2017

Chutney de cebola roxa

Ontem fiz umas crakers deliciosas (receita aqui) e tinha que arranjar qualquer coisa para as servir 😊
Como ultimamente me inclino mais para salgados, lembrei-me de usar a cebola roxa que tinha comprado há dias. Mas mais uma vez as receitas na net são carregadinhas de ingredientes que eu não posso consumir estando a cumprir o protocolo. 

Vai daí, fiz o meu. E ficou óptimo, mas eu sou suspeita. 
Fui acrescentando os ingredientes tirando ideias daqui e dali (confesso que a que mais me seduziu foi a do Jamie Oliver, mas ele não é paleo e muito menos auto-imune 😝)

INGREDIENTES:

300 g de cebola roxa cortada às rodelas finas
1 cubo de gengibre fresco ralado  com +/- 1 cm
1 colher de sobremesa de vinagre de sidra biológico
3 dentes de cravinho
3 dentes de alho
1 pau de canela de Ceilão
1 colher de sopa de mel biológico
1 colher de café de curcuma
Água q.b.

PREPARAÇÃO:

Colocar uma frigideira anti-aderente ao lume, baixo e deitar a cebola, o gengibre, os alhos, os pés de cravinho, o pau de canela, o vinagre e a curcuma.
Deixar cozinhar a cebola lentamente para libertar o suco.
Quando começar a secar, vai-se juntando um pouco de água de forma a não deixar pegar e a fazer uma calda.
Quando a cebola estiver quase cozinhada, junta-se o mel e deixa-se apurar.
Se for para conservar, convém colocar num frasco enquanto estiver quente, tapar e virar ao contrário para fazer vácuo.
Mas eu como não posso ter nada, é mesmo para gastar até acabar!

Espero que gostem. Eu como adoro cebola, achei uma maravilha.


22 de maio de 2017

Crakers Paleo e AIP

Andava mesmo com vontade de comer uma coisinha destas, mas desde que estou no protocolo que as experiências com farinhas (com as poucas permitidas) não têm corrido nada bem...e já tinha desistido. Até que uma amiga fez estas e como vi que era tudo "permitido", tratei de as fazer. E não é que são deliciosas? E correspondem tal e qual às expectativas. Deliciosas e estaladiças como convém.

A receita anda a circular pelos grupos e fiz assim:

INGREDIENTES:

85g de polvilho doce
120g de farinha de mandioca
1 colher de chá de flor de sal
50g de azeite extra-virgem
200g de água quente
Ervas aromáticas a gosto (eu usei, salsa e coentros frescos e orégãos secos, alho e cebola desidratados)

PREPARAÇÃO:

Colocar as ervas e o sal no copo da Bimby e picar 5 segs/ vel.4.
Juntar as farinhas e programar 15 segs/ vel.4.
Juntar a água quente e o azeite e programar 2 min/ vel. espiga.
Depois de pronta, estica-se a massa com o rolo da massa, entre duas folhas de papel vegetal para a massa esticar bem.
Quanto mais fina ficar, mais estaladiças ficam.
Depois de bem esticada, recorta-se com a forma desejada.
Vão ao forno pré-aquecido a 180º por cerca de 15 mins, mas depende muito do forno. Ao fim dos 15 mins, verifique se estão estaladiças. Se não estiverem, deixe mais uns minutos.

21 de maio de 2017

Sorvete de ananás

Bem, quem já me conhece sabe que por estes lados, se faz tudo na lei do menor esforço. E este sorvete não foi excepção. Neste domingo, acabei de almoçar e falta "qualquer coisa". A sorte é que tenho sempre fruta congelada. Desta vez recorri ao ananás 😃

É muito fácil de fazer.

INGREDIENTES:

Ananás (ou outra fruta qualquer) congelado

PREPARAÇÃO:

Coloca-se o ananás congelado na Bimby e tritura-se na vel.3-5-7 até estar desfeito.
Retira-se para uma taça para misturar bem até ficar homogéneo e está pronto a servir.

Para a receita do gelado de morango, veja aqui: http://sabervivercomfibromialgia.blogspot.lu/2017/05/gelado-de-morango.html


Gelado de morango

Por estes lados tivemos uns dias de calor repentino, e eu fico logo em "alerta gelados", mas sempre dentro do espírito do protocolo auto-imune. Como tinha acabado de comprar morangos, estes pareceram-me ter um belo destino. 

E claro, é muito simples de fazer:

INGREDIENTES:

200 g de morangos frescos
50 g de leite de coco
Esta quantidade deu para mim, para 3 vezes.

PREPARAÇÃO:

Triturar os morangos e juntar o leite de coco.
Colocar a mistura num recipiente coberto e vai ao congelador.
Cerca de 2 ou 3 horas depois, retira-se do congelador e mexe-se com uma colher para evitar criar cristais de gelo e volta ao congelador.
Quando estiver completamente sólido e capaz de comer, retira-se do congelador uns minutos antes de o consumir (neste caso tirei-o antes de almoçar) e está pronto a servir.

Reverter a auto-imune, além da alimentação

Alimentação versus estilo de vida

Quando seguimos o Protocolo Paleo Auto-imune, a alimentação está sempre presente na nossa mente. Evitamos os alimentos que exacerbam a sintomatologia da doença auto-imune e investimos o nosso tempo a procurar mais informação sobre quais os melhores alimentos a integrar nesta nova rotina. Por outro lado, estamos ansiosos para o dia em que podemos voltar a reintroduzir os alimentos que eliminámos temporariamente, esperando não fazer nenhum tipo de reação adversa. Nutrirmo-nos dos alimentos correctos, faz toda a diferença, mas a regressão da sintomatologia da doença auto-imune vai muito além da alimentação. O estilo de vida que levamos, é igualmente importante e muitas vezes é descurado em detrimento da falta de tempo, da falta de investimento pessoal, ou por outra razão qualquer. De nada serve ter um cuidado extremo com a qualidade daquilo que comemos, e em paralelo levar uma vida stressante. Se por um lado, a alimentação correcta cura, o estilo de vida que levamos pode por outro lado, exacerbar toda a sintomatologia.

Sono

Temos o péssimo hábito de deixar o sono para último plano. Ficamos acordados até tarde a despachar tudo para o dia seguinte, ou a ver um filme até ao fim (o meu caso). Ou então levantamo-nos mais cedo de forma a "fazer render" o dia. Se faz parte deste tipo de pessoas, saiba que não há nada mais importante para o seu corpo do que o sono, pois é durante o sono que o seu corpo se regenera. É fácil de fazer as contas, quanto menos dormir, menos tempo o seu corpo tem para se curar. Pode parecer que ao fim de 1 ou 2 noites bem dormidas (aos fins de semana por exemplo), que finalmente tem o seu sono em dia, mas não é bem assim. São necessárias semanas até que o seu corpo se reequilibre interiormente e de forma consistente.

A falta de sono, a médio e longo prazo, por si só, já contribui para uma quantidade de sintomas: perturbações da visão, fadiga, irritabilidade, aumento de peso e perturbações na concentração. Posteriormente pode levar a enfarte do miocárdio. A falta de sono, adicionada ao stress pode levar a alterações metabólicas profundas e intensificar a sintomatologia das auto-imunes. O ideal será sempre dormir entre 8 a 10 horas. Parece muito, mas lembre-se que o seu corpo já está em deficit pela auto-imune, por essa razão há que o compensar. Pessoalmente noto que à medida que o tempo passa (já lá vão cerca de 2 meses de protocolo) que vou adormecendo cada vez mais cedo. E ao contrário do que acontecia há uns tempos em que sentia sono, mas "tinha" que ver o resto do filme, agora faço a vontade ao meu corpo.


Respeitar os ritmos circadianos



Na vida moderna, é fácil esquecer que os seres humanos evoluíram para viver ao ar livre. Nós somos projectados para absorver vitamina D da luz solar, e sua deficiência está associada a muitas doenças, incluindo auto-imunidade. Os nossos ritmos circadianos são definidos pelo ciclo natural do dia e da noite e afectam nosso corpo a nível genético e celular. Estamos destinados a mover nossos corpos para fora de casa durante o dia, e dormir profundamente na escuridão da noite.

A vida moderna muitas vezes nos faz fazer o oposto, sentado todo o dia dentro de casa e, como consequência há maior dificuldade em dormir à noite. E quem sofre com isso é a nossa saúde. Faça os possíveis para sair de casa todos os dias, mesmo que seja por pouco tempo. Pode dar um passeio, deitar-se ao sol, ler na sombra, passear o cão, e pode até criar grupos de passeio, o importante é apanhar ar e luz do dia. Lembre-se que há um mundo lá fora que deve ser aproveitado. É das poucas coisas de que sinto falta de Portugal, é mesmo da luz solar. Onde moro (Luxemburgo), estamos dias e dias seguidos sem ver o sol, e acreditem que deprime!

Aprenda a dizer não

Sejamos honestos: curar leva tempo. Não apenas em termos de paciência e foco naquilo que nos é benéfico, mas sobretudo nas actividades do dia a dia: tratar das crianças, confeccionar as refeições, trabalhar, actividades relaxantes, desporto...Isto exige que se coloque em primeiro lugar. Dito assim pode parecer egoísta, sobretudo se tem uma família que precisa e depende de si. Mas são pequenas decisões que se tomam, que são absolutamente necessárias. Se você não estiver bem, também se vai reflectir na sua família e naqueles que a/o rodeiam.

Priorizar a sua saúde beneficia a todos. Então como arranjar tempo para si, durante o dia já tão preenchido? Aprendendo a dizer não! Olhe à sua volta e elimine as tarefas que não são essenciais para o dia, ou delegue, peça ajuda a quem está próximo de si. Felizmente não tenho razões de queixa pois quem me rodeia, está sempre pronto a ajudar e mesmo que eu, por teimosia ou orgulho queira fazer tudo sozinha, a filha insiste sempre em querer participar e ainda ralha comigo se me vê a fazer esforços sem pedir ajuda. Na maior parte dos casos, até querem ajudar e não sabem como, e só porque nos habituámos a tomar tudo à nossa responsabilidade.

Aprenda a valorizar o seu corpo

Numa doença auto-imune, é sabido que o nosso corpo nos trai, que nos ataca e que se tornou nosso inimigo... Isso simplesmente não é verdade. O objectivo do corpo é manter-nos vivos e saudáveis, e faz tudo o que estiver ao seu alcance para fazê-lo. Os sintomas que sentimos são sua forma de nos dizer que algo está errado, e a auto-imunidade é uma falha de comunicação" dentro do corpo, não uma luta intencional. Se queremos curar, é muito mais eficaz perceber que pertencemos à mesa equipa. Não podemos viver sem ele. Quando ficamos com raiva, culpamos e odiamos nosso corpo, na verdade estamos nos odiando. Isso não é uma postura de cura e muitas vezes leva a más escolhas. Em vez disso, cultive a sua auto-estima, aprenda a amar e respeitar o seu corpo. Se seu filho estiver doente, também não se vai virar contra ele, pois não? Faz tudo o que estiver ao seu alcance para que recupere o mais rapidamente possível, certo? Então porque não ter a mesma atitude para com o seu corpo, o SEU bem mais precioso?

Dia desconectado

Este ficou para o fim, para lhe dar a hipótese de desligar o computador ou sair do telemóvel, assim que terminar este artigo. Apercebe-se que os seus níveis de atenção andam desequilibrados ultimamente? Que você não consegue ficar sossegado, que lhe falta o foco, se sente constantemente ansioso, e é facilmente irritável? Estes são todos efeitos directos do uso intermitente constante do computador ao longo do dia e da noite. Isso inclui smartphones, tablets e portáteis. Usamo-los constantemente em pequenos fragmentos de tempo a cada poucos minutos ao longo do dia. Em parte, é a luz azul que emitem à noite a mais estimulante para nossos cérebros e corpos. Experimente estar 24 horas sem estar conectado, aproveitando os fins de semana para isso. Não nos damos conta, mas a verdade é que sofremos todos de alguma compulsão e daí sentirmos uma necessidade premente de estarmos constantemente a consultar o telemóvel, mesmo que saibamos que não haverá nada de novo. Tente desabituar-se aos poucos, comece por desligar-se inicialmente durante 8 horas e vá aumentando gradualmente esse tempo. À medida que as horas passam, essas compulsões passam também, e gradualmente começa a instalar-se um relaxamento mais profundo. Esse sentimento de paz é incrivelmente curativo, e é intrigante perceber que há apenas algumas décadas, num passado sem computador, era como nos sentíamos assim a maior parte do tempo.

Sei que é mais fácil dizer do que fazer, mas pense nisto como parte integrante do tratamento. Se tiver que sair todos os dias para ir a consultas, fisioterapia ou ginásio, tem de encontrar tempo para o fazer. Então porque não começar já, antes que seja tarde demais? 😊

Fontes:

          

19 de maio de 2017

Protocolo paleo Auto-imune...porque não entram frutos secos nem sementes

Quando se trata de entender os fundamentos por trás das restrições extras do protocolo auto-imune, geralmente é fácil perceber a ligação entre certos alimentos e aumento da permeabilidade intestinal e/ou ou interacção com o sistema imunitário. No caso dos frutos secos e sementes, no entanto, é realmente muito mais difícil fazer a mesma ligação para validar a sua remoção da dieta em doentes auto-imunes.

Existem muitos livros e sites que mencionam todos frutos secos e sementes como alimentos a evitar no Protocolo paleo auto-imune (por exemplo, "The Paleo Solution", "It starts with food" e "Practical Paleo"). No entanto, parece não haver consenso nem fundamentos científicos para comprovar essa teoria.


Não é pelas lectinas. Como já foi mencionado, as lectinas são proteínas que se ligam aos hidratos, universalmente presentes em plantas e animais. Tal como protegem as espécies de plantas de predadores, as lectinas também desenvolvem outras funções imunológicas nas plantas e animais, contra agentes patogénicos, parasitas, etc. Quase todos os alimentos contém lectinas e este facto por si só não é suficiente para evitar comer algo (caso contrário, não se comia nada!). As lectinas que evitamos comer numa dieta paleo são lectinas como o glúten (e lectinas presentes em grãos e leguminosas) que são conhecidas por sobreviver a altas temperaturas, serem mal digeridas, interagirem com as células que alinham o intestino, aumentam a permeabilidade intestinal e/ou atravessam a barreira intestinal em grande parte intacta onde podem estimular o sistema imunológico. Até à data, não há nenhuma evidência científica de que as lectinas em nozes e sementes atravessam uma barreira intestinal intacta ou estimule o sistema imunológico.

Não é pelo ácido fítico. Os frutos secos são relativamente ricos em fitatos, que são derivados do ácido fítico, isto é, é ácido fítico ligado a um mineral. Estes minerais não estão disponíveis na absorção, razão pela qual consumir grande quantidade de alimentos ricos em ácido fítico e/ou fitatos não seja uma boa ideia porque leva a uma deficiência mineral. Apesar dos herbívoros como as vacas e ovelhas serem capazes de digerir o ácido fítico, os seres humanos não possuem essa capacidade. Os minerais encontrados nos frutos secos são uma boa razão para limitar o seu consumo numa dieta equilibrada, uma vez que inibe de forma severa a absorção de minerais nos adultos, especialmente ferro e zinco. O consumo excessivo de ácido fítico/fitato pode irritar o revestimento do intestino e contribuir para um intestino permeável, reduzindo a actividade de uma variedade de enzimas digestivas, incluindo tripsina, pepsina, amilase e glucosidase. No entanto, o fitato também pode ser um importante antioxidante e ajudar a reduzir os factores de risco cardiovascular e risco de desenvolver cancro quando consumido em quantidades moderadas. A quantidade é que importa aqui. Mas, este é um argumento para limitar o consumo de frutos secos, não eliminá-los completamente da nossa dieta.

Não é sobre o ómega-6. Frutos secos tendem a ter muito mais gorduras poliinsaturadas ómega-6 do que gorduras poliinsaturadas ómega-3. Assim, quando um dos principais objectivos numa dieta paleo é normalizar a proporção de ómega-3/ómega-6 na ingestão de ácidos graxos, comer grandes quantidades de frutos secos não é lá grande ideia. Com o objectivo de reduzir a inflamação em doentes auto-imunes, o aumento da quantidade de ácidos graxos ómega-3 (e simultaneamente diminuir os ácidos graxos ómega-6) na dieta é fundamental. Mesmo nozes, que têm o maior teor de ómega-3 de todas os frutos secos, têm uma proporção 1: 3 de ómega-3 a ómega-6, e estas gorduras ómega-3 são as gorduras de ALA de cadeia curta que não são tão facilmente utilizados pelo corpo como as de cadeia mais longa como DHA e EPA que são encontrados em frutos do mar e carne de animais alimentados a pasto. Nozes de macadâmia são uma excepção uma vez que a maior proporção da sua gordura é monosaturada. No entanto, numa dieta rica em peixe e carne de pasto, pequenas quantidades de nozes que sejam consumidos com consciência, não deve ser um problema.

Então, por que razão os frutos secos estão fora do protocolo paleo auto-imune? Na verdade, não estão. Duas opiniões proeminentes são as do Prof. Loren Cordain, autor de "The Paleo Diet" e "The Paleo Answer", e da Dra. Terry Wahl, autora de "Food As Medicine" e "Minding My Mitocondria".. Loren Cordain recomenda a sua remoção em indivíduos com doença auto-imune, com a seguinte advertência: "Além de amendoim, que não é um fruto seco, mas sim uma leguminosa, nozes (amêndoas, nozes, pecans, castanhas do Brasil, etc) são um dos alimentos alergénicos mais comuns. Até à data, os frutos de casca rija foram mal estudados quanto ao teor de anti-nutrientes, e não está claro se aumentam a permeabilidade intestinal e de afectar negativamente o sistema imunitário. Este seria um dos últimos alimentos que eu sugiro restringir [para aqueles com doença auto-imune]." Já a Dra. Terry Wahl, limita o consumo de frutos secos e leguminosas germinadas completamente cozidas, mas não os elimina totalmente.

Assim, tudo se resume a dois factos simples. Os frutos secos são um dos alérgenos mais comuns. Pessoas com doença auto-imune são muito susceptíveis de ter um intestino permeável, o que aumenta a sua propensão natural para o desenvolvimento de alergias e sensibilidades alimentares (a diferença está no tipo de anticorpo formado). Isto significa que as pessoas com doença auto-imune são mais propensas a ter uma sensibilidade ou alergia a nozes, frutos secos (e sementes) do que outras pessoas. E eliminar o seu consumo durante a fase inicial do protocolo auto-imune, é uma boa forma de perceber se de facto tem ou não alguma sensibilidade aos frutos secos. Se continua a ingerir algo ao qual tem uma alergia ou sensibilidade, é muito difícil para o seu intestino para se curar e para desactivar o seu sistema imunológico. Além disso, a fibra presente em nozes e sementes pode ser difícil de digerir, especialmente amêndoas, pistáchios e avelãs, o que ainda potencia a eventual sensibilidade.

Segundo Sarah Ballantyne, autora do protocolo paleo auto-imune, é importante eliminar o seu consumo sobretudo na primeira fase do protocolo. No entanto, ao contrário de tomates ou claras de ovo, que têm uma maior probabilidade de virem a ser problemáticos, a reintrodução de frutos secos e sementes não deve alterar a sua reação imunológica a não ser que tenha uma sensibilidade específica às mesmas.

Fonte: https://www.thepaleomom.com/the-whys-behind-the-autoimmune-protocol-nuts-and-seeds/

Creme de cogumelos

Para os dias em que apetece uma sopa diferente, esta resulta muito bem. Simples e eficaz como eu gosto.

Eu adoro cogumelos, por isso sou suspeita, mas além do sabor, os cogumelos trazem imensos benefícios à nossa saúde, pois contém substâncias capazes de prevenir e reduzir o risco de certas doenças.

Alguns estudos demonstram que certos cogumelos podem agir sobre o sistema imunitário, trazendo benefícios para doenças como o cancro, doenças cardio-vasculares, infecções e doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide e o lúpus.


Vão precisar de:




INGREDIENTES:

350g de cogumelos frescos
1/2 courgette
1 cebola
1 cenoura
2 dentes de alho
2 floretes de couve-flor
3 pés de cravinho
Azeite extra-virgem
Água e sal q.b.

PREPARAÇÃO:

Preparar os legumes para a sopa, como de costume.
Deitar os legumes numa panela (eu fiz na Bimby), um pouco de sal, os dentes de cravinho e cobri-los com água.
Preparar 25 min/ vel 1/ temp. varoma.
Se não tiver Bimby, é só deixar cozinhar até estar tudo cozido.



Entretanto colocam-se os cogumelos já lavados e laminados numa frigideira anti-aderente com azeite e alho e deixa-se saltear.



Depois dos legumes para a base da sopa estarem cozidos, junta-se o preparado com os cogumelos, retiram-se os dentes de cravinho e tritura-se tudo. Se o creme ficar muito espesso, junta-se um pouco de água. Eu pessoalmente não aprecio sopas muito aguadas.

Espero que gostem 😋

Açúcar e seus efeitos no organismo

Todos sabemos (ou deveríamos saber) que o açúcar não nos traz nada de bom. E não seria de admirar que mesmo assim, consuma bem acima dos limites máximos recomendados. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que o consumo de açúcar não ultrapasse os 10% das calorias na dieta. Por exemplo, um adulto que consuma 2500 Kcal /dia não deve ultrapassar as 250 Kcal/dia de açúcar. Cada grama deste hidrato de carbono contém 4 Kcal, logo o consumo de açúcar deveria no máximo ser de 62.5g, o que corresponde em medidas caseiras, a cerca de 5 colheres de chá /dia.

Bebidas açucaradas, doces, alimentos processados são as principais fontes de adição de açúcar. Mesmo os alimentos de consumo regular, como pães, molho de tomate ou barras proteicas, podem ter açúcar. Para complicar ainda mais, os açúcares adicionados podem ser difíceis de detectar nas etiquetas nutricionais, uma vez que podem ser listados sob vários nomes.

No grupo dos açúcares puros inclui-se o açúcar amarelo, o açúcar de coco, de beterraba, de palma, de tâmara, o açúcar invertido e o açúcar mascavado. Mas existem outras formas de açúcar: mel, melaço, melaço de cana, melaço negro, malte de cevada, rapadura, adoçante à base de milho, caldo de cana desidratado, cana-de-açúcar, maltodextrina, sumo de fruta concentrado, sumo de fruta desidratado e goma-arábica. Depois, ainda há os xaropes. Os xaropes de milho, de ácer, de alfarroba, de malte, de milho rico em frutose, de milho rico em glicose, de aveia, de arroz, de sorgo, e de xarope ou geleia de agave fazem parte deste grupo. No grupo dos “ose’s”, inclui-se o dextrose, a frutose, a sacarose, a maltose, a galactose, a lactose e a glucose. E nos açúcares álcool, isto é, os “itol’s”, há o xilitol, o eritol, o manitol e o sorbitol.



Não importa que nome lhe dão, açúcar é açúcar, e pode afectar negativamente o seu corpo a vários níveis:

Cérebro

Ao ingerir açúcar, o seu cérebro liberta um neurotransmissor, chamado de dopamina (ver aqui). Esse neurotransmissor desempenha importantes funções no organismo. A primeira delas é a sensação de prazer. No decorrer de circunstâncias agradáveis, a dopamina é libertada, desencadeando impulsos nervosos, que levam a uma sensação de prazer e bem estar. Alimentos saborosos, sexo, jogos e drogas são alguns exemplos de situações que estimulam a acção da dopamina. o que explica a razão de muitas vezes, sentir desejos de um chocolate ou de um doce e não de uma cenoura, p. ex. Porque alimentos inteiros como frutas e vegetais não estimulam o cérebro para libertar tanta dopamina, o seu cérebro começa a precisar de mais e mais açúcar para obter a mesma sensação de prazer. Isso faz com que os sentimentos "tenho que comer" para a sua sobremesa depois do jantar que são tão difíceis de domar.

Humor

O doce ocasional, biscoito ou chocolate, pode dar-lhe uma rápida sensação de energia , aumentando rapidamente os seus níveis de açúcar no sangue. À medida que as suas células absorvem o açúcar, cai também o seu estado anímico provocando sensações de nervosismo e ansiedade. Se sente que está a consumir muitos produtos açucarados, e cada vez com menor espaço entre eles, é sinal de que o seu humor já está a ficar afectado. Estudos têm ligado uma alta ingestão de açúcar a um maior risco de depressão em adultos.

Dentes

O açúcar contribui para o desenvolvimento da cárie dentária, pois é convertido em ácido pelas bactérias presentes na nossa boca. Este ácido ataca e enfraqueça os dentes. Portanto, quanto maior a ingestão de açúcar, maior a proliferação de bactérias, aumentando o risco de cáries.

Articulações

Se sente dores articulares, tem mais uma razão para deixar de consumir açúcar. O açúcar liberta um agente inflamatório no corpo chamado citocina causando inflamação. Em 2014 um estudo publicado no American journal of Clinical Nutrition (aqui), mostrou que o consumo regular de refrigerantes aumenta o risco de artrite reumatóide em mulheres, independentemente da dieta seguida.

Pele

O consumo de açúcar também tem efeitos nefastos na pele. Devido à gligação, causa um endurecimento e degradação dos tecidos de suporte da pele e danos nas fibras dérmicas. A derme perde progressivamente a sua elasticidade e tonicidade, favorecendo o aparecimento de rugas na superfície.

Fígado e pâncreas

Uma alimentação rica em açúcares, pode fazer com que seu fígado se torne resistente à insulina, uma hormona importante que ajuda a transformar o açúcar na sua corrente sanguínea em energia. Isso significa que seu corpo não é capaz de controlar seus níveis de açúcar no sangue também, o que pode levar ao diabetes tipo 2.

Rins

Se já tem diabetes, a ingestão constante de açúcar pode levar a danos nos rins. Os rins desempenham um papel importante na filtragem de açúcar no sangue. Uma vez que os níveis de açúcar no sangue atingem uma certa quantidade, os rins começam a deixar o excesso de açúcar na urina. Se não for controlado, a diabetes pode danificar os rins, o que os impede de fazer o seu trabalho na filtragem de resíduos no sangue. O pode levar a insuficiência renal.

Coração

Ao consumir muito açúcar, a insulina extra no seu sangue pode afectar as suas artérias, parte do sistema circulatório do seu corpo. Faz com que suas paredes cresçam mais rapidamente do que o normal e comecem a ficar tensas, o que adiciona stress ao seu coração e o danifica com o passar do tempo. Isso pode levar a doenças cardíacas, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais. Pesquisas também sugerem que ingerir menos açúcar pode ajudar a baixar a pressão arterial, um importante factor de risco para doenças cardíacas. Minerais como cálcio e magnésio são mobilizados para tentar retomar o equilíbrio ácido-alcalino do sangue. Além disso, as pessoas que consomem muito açúcar (onde pelo menos 25% de suas calorias provêm de açúcares) estão duas vezes mais propensas a morrer de doença cardíaca do aquelas cujas dietas incluem menos de 10% do total de calorias de açúcares adicionados.

Peso

Isto provavelmente não é novidade, mas quanto mais açúcar comer, mais vai pesar. A contribuição do açúcar para o aumento de peso, deve-se ao facto de, ao entrar no nosso organismo, ser imediatamente transformado em glicose e frutose, sendo que a primeira passa de imediato para a corrente sanguínea para ser usada como forma de energia rápida e quando presente em excesso, é transformada pelo fígado em gordura, levando à acumulação de gordura na zona abdominal, a mais prejudicial e consequente aumento de peso.

Doenças auto-imunes

Doença auto-imune e intestino permeável começa a ser uma relação cada vez mais frequente e evidente. No intestino, destrói as bactérias benéficas, aumentando a população de parasitas intestinais, especialmente a Candida albicans. O açúcar, ao inibir a produção de enzimas digestivas, interfere na síntese e digestão de proteínas. Por todas razões acima mencionadas, o conjunto de efeitos provocados no organismo, aliado à sindroma de intestino irritável, enfraquece o sistema imunológico e aumenta as respostas inflamatórias do nosso organismo.

Sexualidade

Um efeito colateral comum de níveis constantes elevados de açúcar na corrente sanguínea é que pode deixar os homens impotentes. Isso acontece porque afecta o seu sistema circulatório, que controla o fluxo de sangue em todo o corpo. Ao afectar o fluxo sanguíneo, também pode levar a uma dificuldade maior em manter um erecção.

Cancro

O açúcar alimenta as células cancerígenas, pois a elevação da insulina faz com que o IGF (insulin - like growth factor) estimule o crescimento das células cancerosas e a capacidade de invadir outros tecidos. Muitos tipos de células cancerígenas apresentam uma grande quantidade de receptores para a insulina, o que significa que são mais sensíveis que as células saudáveis à capacidade da hormona promover o seu crescimento.

Fontes: https://authoritynutrition.com/10-disturbing-reasons-why-sugar-is-bad/
http://www.webmd.com/diet/features/how-sugar-affects-your-body?
             https://nit.pt/fit/alimentacao-saudavel/existem-45-nomes-diferentes-acucar
             http://lifestyle.sapo.pt/saude/peso-e-nutricao/artigos/quantos-gramas-de-acucar-por-dia

18 de maio de 2017

Protocolo Paleo Auto-imune...os argumentos

Embora possa parecer que o protocolo auto-imune seja meramente uma dieta de eliminação, há mais além de simplesmente evitar determinados alimentos. Na verdade, ignorar a importância da densidade de nutrientes é um dos maiores obstáculos ao sucesso quando as pessoas adoptam o protocolo. Embora haja um grande foco na eliminação de grãos, feijões, lacticínios, nozes, sementes e nightshades fora da dieta, é igualmente importante adicionar alimentos nutricionalmente densos - estes alimentos são particularmente ricos em vitaminas, minerais e fitonutrientes e absolutamente necessários para curar o corpo de uma vida a ingerir alimentos vazios. Ignorar a importância destes alimentos, é condenar o efeito do protocolo ao fracasso.

Regenerar o seu organismo não passa por consumir um monte de peito de frango com brócolos e óleo de coco. É preciso sair da zona de conforto e incluir alimentos nutritivos e curativos, em vez de pensar neles como componente simples para uma refeição. Certifique-se de incluir alimentos de órgãos, como fígado e rim, peixes ricos em ómega-3 e mariscos, algas marinhas, alimentos fermentados e muitas frutas e vegetais coloridos. Se já olhou para a lista dos alimentos permitidos e recomendados e pensou "Eu não costumo comer nada disso", então vai ter algum trabalhinho pela frente!

Aqui está uma lista de alguns dos nutrientes importantes a priorizar no Protocolo Auto-imune. Esta lista não é de forma imperativa, mas sendo estes nutrientes mais difíceis de obter através de uma alimentação normal, são de particular importância para a cura da auto-imunidade.


Vitamina A - Fígado e óleo de fígado de peixe (pelo retinol, que é a vitamina A pré-formada e a mais biodisponível), vegetais amarelos e alaranjados (pelo beta-caroteno, que é um precursor da vitamina A). É importante não se fiar no beta-caroteno como única fonte de vitamina A, uma vez que a maioria das pessoas faz uma conversão deficitária de beta-caroteno para vitamina A.


Vitamina D - Fígado e óleo de fígado de peixe, peixes gordos e exposição (consciente) à luz solar.

Ácidos graxos ómega-3 - Peixes gordos e óleo de fígado de peixe (melhor fonte), carnes de órgãos e carnes de pasto.

Vitamina B - Carne e frutos do mar (especialmente mariscos e órgãos carnes), legumes coloridos, algas marinhas.

Ferro - Carnes de órgãos, mariscos e carnes vermelhas como carne de vaca ou cordeiro.

Zinco - Marisco, carnes de órgãos, carnes musculosas, vegetais de folhas verdes.

Selénio - Peixe e marisco (melhor fonte), órgão carnes, carnes densas.

Iodo - Peixe, marisco, algas (com prudência em presença de Tiroidite de Hashimoto).

Probióticos - legumes fermentados, kombucha, kefir de água.

É importante referir impacto da qualidade dos alimentos na densidade de nutrientes, especialmente no que se refere ao equilíbrio das gorduras ómega-3 e 6 nas carnes de órgãos e musculosas. Animais alimentados com milho e soja têm mais gorduras ómega-6, que pode pender o equilíbrio para ser pró-inflamatório. Por outro lado, a carne alimentada a pasto tem uma proporção muito mais equilibrada de gorduras ómega-3 e 6. Se o seu orçamento não lhe permite tanto o consumo deste tipo de carnes, tem de compensar na ingestão de frutas e legumes.

Então, a próxima pergunta pode ser "que quantidade desses alimentos devo comer?" Sarah Ballantyne recomenda no seu livro, "The Paleo Approach" que se coma miudezas 4-5 vezes por semana, frutos do mar pelo menos 3 vezes por semana, e que se preencha as restantes necessidades de proteína maioritariamente com carnes alimentadas a pasto, ou aves do campo. Adicione diariamente alguns alimentos probióticos, caldo de ossos, e terá facilmente atingido os limites adequados de nutrientes diários.

Como fazer para aumentar a ingestão de alimentos nutricionalmente ricos? Usando o caldo de ossos diariamente ao cozinhar sopas / guisados, comendo várias vezes por semana peixes ricos em ómega-3 (o que aqui nem sempre é fácil), e sobretudo através de sopas feitas com legumes variados às 3 principais refeições (se comer sopa a todas as refeições, juntando aos legumes e/ou salada do segundo prato, rapidamente chega às 6 porções diárias).

Eu já disse isso antes, e vou dizer de novo - eu notei uma grande diferença na minha saúde quando comecei a levar a densidade de nutrientes mais a sério. Se tem seguido o protocolo auto-imune há algum tempo e sente que é hora de levá-lo para o próximo nível, espero que este artigo lhe dê a coragem de sair de sua zona de conforto e ir para olhar de forma diferente para esses alimentos ricos em nutrientes, mesmo que isso signifique comer alimentos menos atractivos ao seu paladar!

9 de maio de 2017

Pão paleo AIP

Já tentei várias receitas de pão feito com as poucas farinhas permitidas no protocolo, mas foi tudo direitinho ao lixo. Não que seja dependente de pão, mas ao pequeno-almoço, às vezes falta-me inspiração e sobretudo vontade de comer sopa ou carne com legumes ou salada.

Mas há dias uma amiga publicou uma receita de pão que eu fazia na altura em que comprei a Bimby e nunca mais a voltei a fazer...até agora. Lembro que este pão tinha ficado muito fofo, mas que levava um ingrediente estranho e que na altura, as colegas a quem dei a provar, ninguém acertou no ingrediente surpresa 😊 e a melhor parte é que não sabia ao tal ingrediente surpresa

Então vão precisar de:


INGREDIENTES:

200g de cascas de banana biológicas (sim, leram bem)
400g de água morna
3 cs de azeite extra-virgem
200g de farinha de mandioca
50g de farinha de alfarroba
1 saqueta de fermento para bolos (sem glúten)
2 c.chá de flor de sal

PREPARAÇÃO:

Liga-se o forno a 180º.
Retiram-se as extremidades das cascas de banana e trituram-se juntamente com a água. Na Bimby usei a velocidade 5-7 durante 1 min.
Fica uma massa castanha e espessa.



Juntei os restantes ingredientes e misturei tudo na velocidade 4 até ficar uma massa homogénea.
A massa tem de ficar com a consistência suficiente para formar bolas.
Se ficar muito líquido, junta-se mais um pouquinho de farinha, se ficar espessa, junta-se um pouco mais de água.
Moldam-se bolinhas e vão ao forno cerca de 40 minutos.
Findo o tempo, retiram-se imediatamente do forno e deixa-se arrefecer.
Esperar que arrefeça completamente antes de abrir, senão fica com consistência de borracha.
Esta massa deu-me para 8 bolinhas.
Espero que gostem 😄

Protocolo Paleo Auto-imune...porquê?

Fui diagnosticada com Fibromialgia em 2015. Foi um misto de alívio, de surpresa e ao mesmo tempo de desencanto.  Alívio porque finalmente podia dar um nome, um "rosto" a todos os sintomas que sentia (aqui)(aqui) e (aqui), de surpresa porque nunca pensei ter uma doença crónica (achava que o que sentia teria solução, não sabia bem como, mas pronto) e de desencanto por ter consciência do que aquilo que sentia, seria para o resto da minha vida, todos os dias...

Passei por aquela fase em que se pensa que, tomando as drogas recomendadas, que seria possível controlar a coisa, só que não foi bem assim. Ao fim de 2 semanas de Cymbalta e 2 noites de Lyrica, desisti porque além de não me aliviar em nada, ainda tinha que gerir os sintomas provocados pelas drogas. Isto de andar de óculos de sol em casa e com tampões nos ouvidos, não me parecia de todo normal. Mantive no entanto o analgésico à base de tramadol, que tomava todos os dias e em crise, 2 ou 3.

Entretanto falaram-me da alimentação paleo (aqui) e se inicialmente me mostrei muitíssimo renitente, quando me senti chegar ao fundo do poço, resolvi tentar só mesmo naquela de "ah e tal, não tenho nada a perder!" A verdade é que ao fim de cerca de duas semanas, acordei sem dores e a partir dali a minha qualidade de vida mudou drasticamente para melhor.

Pelo meio começaram a intensificar-se as securas da boca e dos olhos. A primeira coisa que tinha que fazer assim que abria os olhos, e ainda hoje é assim, era ir lavar logo a cara e sobretudo os olhos com água fria porque a sensação é de ácido nos olhos. Intensificou-se também a sensibilidade à luz e comecei a sentir a pele em todo o corpo a secar intensamente, mesmo continuando a beber água e a usar cremes hidratantes. Veio então a confirmação de diagnóstico de Síndroma de Sjogren. Nunca tinha ouvido falar mas depois de pesquisar, percebi que era uma doença auto-imune e bastante frequente de acontecer em paralelo com a Fibro. Ora já não bastava a primeira, e chega uma segunda...!



Com a paleo os sintomas estavam controlados. Tinha dores volta e meia e as crises eram perfeitamente toleráveis, caracterizando-se principalmente pela fadiga mais presente, mas consegui sempre passar "entre as gostas da chuva" e não ser necessário recorrer à medicação.


Cerca de 2 meses depois de ter iniciado paleo, e depois de ter lido sobre do que se tratava, fiz um Whole 30 (ver aqui), do qual não tirei conclusão nenhuma, pois na reintrodução dos alimentos, não consegui perceber quais os que provocavam alterações no meu organismo. Percebi aí que o meu corpo é meu e não funciona como os outros. Apesar da moderadora do grupo praticar e recomendar paleo low-carb indo mesmo até uma cetogénica para toda a gente, como se fosse a 8ª maravilha, a verdade é que entrando em cetose, o meu corpo reagiu de forma violenta (aumento intenso da sintomatologia da Sjogren) que só melhorou quando passei a ingerir mais fruta e raízes. Pelo meio também, iniciei os jejuns naturais e nunca forçados. A maior parte das pessoas sente logo falta de apetite ao fim de poucos dias, mas aqui euzinha não, acordo quase sempre com fome de gente. Nos dias em que acordava sem fome (poucos) aproveitava e fazia jejum. E quando o fazia, sentia-me bem, até sentia mais acuidade a nível mental e física.


Mas há cerca de uns 3 ou 4 meses (perco noção do tempo), os sintomas da Sjogren intensificaram-se, comecei a sentir uma secura extremamente intensa na boca e olhos e até na vagina. A secura na boca era tão intensa que de um momento para o outro, sentia a boca secar até à faringe, impedindo-me até de falar. E não, não era falta de água. Bebo regularmente 1l/1.5l de água por dia, porque gosto e porque me sabe bem, mas não posso beber muito mais, devido ao problema da secura das mucosas. Quanto mais água bebo, mais urino e mais atrito sinto na mucosa vaginal depois das idas ao wc.

Nessa altura retirei os lacticínios e os primeiros dias foram de ressaca absoluta. Nem eu fazia ideia de quão intoxicada eu estava. Tinha constantemente fome e nada me satisfazia, mas ao fim do 3º ou º dia, a coisa acalmou. E acalmaram também as securas e finalmente conseguia dormir normalmente e os dias decorriam também sem grandes alterações.

Ao fim de algum tempo (1 ou 2 meses depois) e depois de ter feito jejum 3 dias seguidos (jejuns naturais e sem esforço), percebi que qualquer coisa estava errada. Acordei inchadíssima (rosto e corpo), a dores tinham voltado numa intensidade absurda (como nos velhos tempos) e a fadiga extrema tinha-se instalado. Não conseguia perceber o que se estava a passar porque ainda por cima, tinha engordado 3kgs...com jejum! 

Como não sou de me dar por derrotada, decidi pesquisar e só aí percebi que auto-imune e jejum não funcionam. Já tinha lido artigos sobre o protocolo para auto-imunes mas quando chegava à parte de não comer ovos, nem frutos secos, ou tomate, deixava de ler, lol. Depois também percebi que auto-imunes também não combinam com low-carb. Mas só percebi isso depois de ter lido os artigos até ao fim.

Comecei a ler mais e a perceber que tinha que fazer alguma coisa. Sempre disse que um dia, se visse necessidade disso, que recorreria ao protocolo para auto-imunes (ler aqui). Mas é mais fácil dizer do que fazer. E a verdade é que me sentia tão mal, que decidi no momento iniciar o protocolo. Tanto que nem me lembro há quanto tempo comecei, mas nesta altura, penso que foi à cerca de 1 mês.

Se foi fácil? Nope...sobretudo aos pequenos-almoços. Nunca fui muito de panquecas e afins mas, no meio de tudo o que se deixa de consumir, do que sinto mais falta é dos ovos...os ovos!!! Que falta me faziam para fazer fosse o que fosse. E continuam a fazer. 

Não me arrependo nada de ter iniciado e o esforço tem sido largamente compensado. Ao fim de cerca de 1 semana, os "calores" nas costas desapareceram e deixei de acordar inchada. Posso dizer que neste momento, os sintomas regrediram todos. Perdi o peso que ganhei com o jejum, perdi mais volume ainda, a pele deixou de estar tão seca e sinto-me muito bem. Sempre tive muita dificuldade em perder peso, porque além destas duas amigas para a vida, também tenho hipotiroidismo. E a verdade é que estou a sentir-me "esvaziar", no bom sentido.

O protocolo pressupõe ter uma duração mínima de 3 ou 4 semanas ou até à regressão dos sintomas. E não é uma restrição para a vida. É como o Whole 30, depois de tudo estabilizado o melhor possível, procede-se à reintrodução regrada dos alimentos retirados (sempre dentro do contexto alimentar paleo) e aí percebermos quais os alimentos que nos são prejudiciais. Tinha lido que a maior parte das pessoas que aderem ao protocolo que não sentem necessidade de voltar ao que comiam antes e eu não percebia porquê, mas percebo agora. Medo! O medo de voltar a ter dores e mal-estar e tudituditudo. Tenho presente que quero reiniciar a reintrodução mas honestamente não sei quando, nem sinto pressa. 

Saliento de novo que não pretendo converter ninguém a fazer seja o que for, estou apenas a relatar o meu percurso e a explanar a razão que ME levou ao protocolo, e não, não foi por moda ou mania. Quis simplesmente ser pro-activa pela minha saúde e perceber o que posso melhorar para ter mais qualidade de vida. Há cerca de 1 ano que não faço qualquer medicação para as doenças que tenho e assim pretendo manter-me enquanto puder. 

Se custa não comer determinados alimentos? Claro que custa, sobretudo quando tenho uma não-paleo em casa, mas custa muito mais ter dores e não saber porque as tenho. Cada corpo é um corpo e o que resulta para uns, não resulta para outros. É preciso ler, estudar, ponderar e decidir o melhor possível. E isso ainda se torna mais essencial quando temos doenças crónicas e/ou auto-imunes. Mas mais uma vez ressalvo que, nem todas as auto-imunes reagem da mesma forma, assim como a mesma doença não se manifesta de forma igual em todos os indivíduos e isso só se aprende com o tempo, com a leitura e com o conhecimento gradual do nosso corpo.

"O futuro é construído pelas nossas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento influencia os outros" - Alvin Toffler

7 de maio de 2017

Ovos - porque não integram o Protocolo Paleo Auto-imune

"O ovo é um dos alimentos mais alergénicos, que afecta aproximadamente 2-3% da população. No entanto, as pessoas ainda são surpreendidas quando menciono uma receita isenta de ovos ou que eu não posso comer ovos. Não é por ser alérgica, mas sim porque tenho uma doença auto-imune e os ovos são excluídos no protocolo auto-imune. Uma vez que os ovos são um alimento tão importante para quem pratica paleo (como parte do pequeno almoço, como uma proteína acessível, e como ingrediente presente na grande maioria das receitas paleo), questionam-me frequentemente porque razão não fazem parte do protocolo.

Uma das principais funções da clara do ovo é proteger a gema contra o ataque microbiano enquanto o embrião cresce, usando enzimas proteolíticas (ou proteases), enzimas que podem fragmentar proteínas em cadeias mais curtas de aminoácidos (normalmente tornando essas proteínas inactivas / inúteis no processo). Existem muitos tipos diferentes de enzimas proteolíticas, todas eles altamente especializadas para fragmentar um tipo específico de proteína e / ou num local específico. Em particular, as enzimas proteolíticas nas claras de ovos são exímias na clivagem de proteínas nas membranas celulares de certas bactérias (especificamente bactérias gram-negativas). A protease específica na clara de ovo com a qual pessoas com doença auto-imune (ou alergias graves ou intestino permeável) devem preocupar-se, chama-se lisozima.

Eu costumava usar lisozima no laboratório de biologia para quebrar as membranas de bactérias (bactérias que eu tinha criado para desenvolver cadeias de ADN). A lisozima, é característica das membranas bacterianas, activa-se rapidamente, é muito resistente ao calor e é estável em ambientes muito ácidos (por essa razão ainda fica activa mesmo depois de cozinhar bem os ovos bem e da sua digestão!) O ser humano também produz lisozima como parte dos nossos mecanismos normais de defesa contra infecções bacterianas. Está presente na nossa saliva, lágrimas e muco (incluindo nas camadas de muco nos intestinos). Então, se produzimos a nossa própria lisozima, por que é que a lisozima presente na clara de ovo, nos pode ser prejudicial?

A lisozima tem a capacidade de formar cadeias fortes com outras proteínas. Assim, a lisozima da clara de ovo normalmente passa através do nosso sistema digestivo em grandes cadeias com outras proteínas de clara de ovo. Muitas das proteínas presentes nas claras de ovo são inibidores de protease.

Isto significa que os complexos de proteína lisozima / proteína de ovo são resistentes à digestão pelas nossas enzimas digestivas (que são elas próprias proteases). Pode questionar-se se a lisozima ainda está activa sendo uma protease e se está ligada aos inibidores da protease de clara de ovo. A resposta é sim, ele ainda está activa. Os inibidores da protease de clara de ovo que são mais susceptíveis de estarem ligados à lisozima são a ovomucina e a ovastatina, que são inibidores da tripsina (a tripsina é uma das nossas principais enzimas digestivas) e a cistatina. Nenhum destes inibidores inibe a actividade da lisozima. À medida que o complexo de lisozima viaja através das vilosidades no nosso intestino, também pode ligar proteínas bacterianas a partir das bactérias normalmente nelas presentes (como a gram-negativa E.coli).

A lisozima possui uma propriedade química invulgar (mantém uma carga positiva) que lhe permite atravessar os enterócitos por atracção electrostática. As pesquisas confirmam que a lisozima consumida entra na circulação mesmo em indivíduos saudáveis ​​(mesmo em conjunto com outros alimentos, embora a quantidade seja menor). A absorção da lisozima pura de clara de ovo por si só em circulação, provavelmente não é problemática porque a lisozima é uma enzima que o corpo produz naturalmente (a menos que seja absorvida em concentrações muito altas e, em seguida, pode causar danos nos rins). O problema são as outras proteínas que se agarram à lisozima através da barreira intestinal. É esta "fuga" de outras proteínas da clara de ovo, a razão pela qual a alergia ao ovo é tão comum. Quaisquer outras proteínas presentes no trato digestivo podem potencialmente ligar-se ao complexo de lisozima e através do intestino, passam para a corrente sanguínea (ou linfa). Acredita-se que estas proteínas estranhas contribuem para uma resposta de mimetismo molecular onde o corpo, na sua tentativa de formar anticorpos contra estes invasores estrangeiros, cria acidentalmente um anticorpo que também reconhece uma proteína normal no corpo humano.

É também importante salientar que a capacidade da lisozima de atravessar a barreira intestinal (transportando com ela proteínas potencialmente imunogénicas) não seja assim tão significativa . Em indivíduos normais e saudáveis, a lisozima não é susceptível de causar danos significativos ao revestimento saudável do intestino ou causar uma resposta imunitária substancial (embora o efeito da lisozima seja o motivo pelo qual o Prof. Loren Cordain recomenda limitar os ovos a 6 por semana). Em indivíduos saudáveis, os ovos de galinhas de pasto podem ser uma fonte excelente e acessível de proteína, ácidos graxos ómega-3, luteína, zeaxantina, colina, selénio, fósforo, vitamina A, vitamina D e vitaminas B. No entanto, em situações de doença auto-imune, os indivíduos são mais sensíveis e tendem a ter respostas imunes e inflamatórias exageradas a proteínas estranhas na circulação. Estes indivíduos são também mais propensos a formar auto-anticorpos em resposta a proteínas bacterianas que podem entrar na circulação com lisozima.

Note-se que esta discussão estava inteiramente relacionada com proteínas de clara de ovo. As gemas de ovo não são susceptíveis de causar estas questões. No entanto, se estiver a seguir o protocolo auto-imune, e se já estiver na fase da reintrodução, recomenda-se algum cuidado no consumo da gema, uma vez que esta provoca uma sensibilidade mais acentuada em indivíduos com intestino permeável (não é a mesma coisa do que ser alérgico a eles). Deve-se evitar o ovo completo quando iniciar o protocolo auto-imune. Mas, de todos os alimentos que são restritos neste protocolo, as gemas são as mais susceptíveis de serem toleradas e muitas pessoas podem adicioná-los de volta à sua rotina alimentar."

Fonte: https://www.thepaleomom.com/whys-behind-autoimmune-protocol-eggs/