30 de outubro de 2015

Eu...

A minha história é uma igual a tantas outras. 



Fui uma verdadeira "Maria-rapaz" na minha infância. Fui sempre muito activa e pouco dada a brincadeiras de meninas. Quem me quisesse ver feliz, só precisava de me dar uma bola, uns berlindes ou uns carrinhos. Brincar sossegadinha não era de todo o meu género e brincadeira que não implicasse deitar no chão e chegar a casa imprópria para consumo (não me livrando de levar uns bons ralhetes), para mim não era brincadeira.



Lembro-me da minha mãe me contar que eu me queixava muitas vezes, mas (e desta parte eu lembro) era sempre quando tinha de fazer qualquer coisa, que não era obviamente do meu agrado. 
Cresci e aos 20 anos tive febre reumática. Muitas dores nas articulações, febres baixas, indisposição geral e muito (mas mesmo muito cansaço). A situação clínica foi controlada ao fim de alguns meses com injecções de penicilina e muitos anti-inflamatórios. As dores e mau-estar, tinham vindo para ficar, pois volta e meia eu tinha crises, apesar dos médicos nada encontrarem.

Aos 27 anos foi-me diagnosticado um adenoma na hipófise. Foi tratado mas também ficaram sequelas. O meu sistema hormonal passou a ter vida própria e a manifestar-se como bem entendia: retenção de líquidos, náuseas, enjoos, intestino descontrolado, temperatura corporal desregulada. Tudo coisinhas boas.

Aos 28 anos fui mãe, depois dum parto por cesariana. Fiz uma recuperação-relâmpago sem nenhum tipo de queixa. A filha, essa, fez questão de entrar no mundo de corpo e alma pois chorava dia e noite....todos os dias...todas as noites... Começava a minha tortura do sono. Eu que até aqui dormia que nem uma pedra, passei a dormir com um olho aberto e outro fechado pois sempre que a filha me sentia adormecer, resolvia manifestar-se.

Entretanto a minha vida pessoal também estava no fundo do poço e tudo junto, confesso que foi uma fase muito complicada de gerir.

Entretanto tirei o meu curso de Recuperação Física, divorciei-me, mudei de casa, de cidade, de trabalho. As dores sempre presentes, as noites sem dormir, mas tudo estava clinicamente bem.

Em Novembro 2014 fiz uma crise ciática (mais uma), faleceram os meus dois avós paternos com diferença de 24 horas e mais uma decepção pessoal, fizeram o cocktail propício a desencadear tudo. As dores cada vez mais intensas e difusas, as noites sem descanso mas, mais uma vez tudo estava "normal".

Em Maio 2015 apareceu-me uma epicondilite para completar o ramalhete e aí sim, foi o despoletar de toda a situação. Depois de 1 mês de medicação forte, repouso e fisioterapia, cada vez me sentia mais cansada, com mais dores e sobretudo muito desanimada.

Foi quando a minha médica assistente olhou para mim e me disse:"O que você tem, é Fibromialgia!" Caíu-me tudo, fiquei bloqueada, sem chão. Conhecia pessoas com a doença, mas sempre me pareceu que as pessoas que a tinham, eram pessoas emocionalmente mais fragilizadas e com alguma tendência depressiva. E quem me conhece sabe que eu não tenho NADAAA disso.

Não vou dizer que aceitei bem, mas como em tudo na vida, reagi, e decidi que a partir de agora era preciso reprogramar tudo e viver em função da nova situação.

Não é fácil, admito, mesmo com o meu bom humor, mas não é impossível. E a mensagem que pretendo deixar é que por muito má que a situação seja, não é o fim do mundo e a vida merece ser vivida, mesmo que seja a um ritmo diferente.

3 comentários:

  1. Bom dia
    sou a Lurdes e tb sofro de FM, há 10 anos que vivo com ela e tb não tem sido fácil, sobretudo pk nem sempre as pessoas(PRINCIPALMENTE ALGUNS MÉDICOS),aceitam que ela é real, já ouvi muitas vezes o " isso não existe". Finalmente no mês passado encontrei um médico que me entendeu.

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    1. Que bom que encontrou alguém que a "oiça". Muita força para si <3

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  2. Oi, achei teu blog porque estava tentando entender se tinha alguma ligação o adenoma de que me trato a uns 10 anos e a fibromialgia que acabei de saber que tenho. Situação semelhante a tua, tenho um filhote muito fofo de 5 anos. Pra mim o pior até agora é que a medicação que estou tomando está me fazendo ter os sintomas do adenoma, ando até com medo de tomar os remédios e piorar a situação do adenoma.

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