Oiço e leio com muita frequência que, ao receber um diagnóstico de doença crónica, o sentimento é de desalento e de resignação. Como se se tratasse de uma sentença de um drama com fim anunciado. Confesso que sempre me fez muita impressão o negativismo e a vitimização. E alguns poderão dizer, "ah e tal, dizes isso porque nunca tiveste dores a sério!"... Really?! Acreditem que não é por não andar pelos cantos a queixar-me da vida e da minha "sorte", que não tenho dores, ou que não sofro.
Os que me conhecem, sabem que recuperei grande parte da minha qualidade de vida (e quando digo grande, refiro-me a mais de 90%). Não estou a vender nada, nem a impingir uma cura milagrosa. Mas todos sabem que, as mudanças para melhor aconteceram depois de eu ter aderido à alimentação paleo (ver aqui). Claro que depois também oiço o "ah, isso comigo não resulta, comigo já não vale a pena!" E a minha resposta é sempre a mesma..."se não quer arriscar a mudar, é porque ainda não bateu lá no fundo dos fundos do poço!"
Para se querer e conseguir mudar, é preciso estar à beira do abismo. Seja em que área for. Tanto pode ser a nível de saúde, adoptando novas abordagens terapêuticas, alimentares, comportamentais. Ou pode ser a nível emocional, decidindo acabar com relações tóxicas ou vazias. Ou até a nível profissional, procurando uma profissão ou ocupação que nos deixe feliz e com a sensação de dever cumprido.
O mesmo acontece perante um diagnóstico de doença crónica, seja ela ou não degenerativa. Temos sempre duas opções:
- A mais fácil, que é a de seguir a via do "coitadinhismo". É muito mais cómodo deixarmo-nos levar pelo que os médicos dizem e deixarmo-nos entupir de medicação que, além de não nos aliviar, com o tempo acaba por nos tirar qualquer centelha de vida. É tão mais fácil encolher os ombros e tomar mais um comprimidinho quando as dores apertam. E quando um não resolve, tomam-se dois...ou três...
- E temos a via mais espinhosa. Que é ser pro-activa na nossa saúde e consequentemente na nossa vida. Ah pois, decidir mudar é fácil. O difícil é QUERER mudar. É preciso lutar contra hábitos enraizados, é preciso sair do conformismo e da apatia a que nos habituamos, mas sobretudo a que nos habituaram a viver.
A chave não está nos outros, está bem dentro de nós. É primordial querer quebrar com o nosso antigo "EU" e abraçar um novo. O diagnóstico de doença crónica, nunca é o fim da linha. É sim uma nova oportunidade que a vida nos dá, para abrirmos os olhos e aprendermos a olhar para ela de forma diferente.
É a vida a dizer-nos que apesar da doença, e por causa dela, temos o dever de nos valorizarmos cada vez mais. Todos os dias devemos estar gratos por estarmos vivos e fazer de cada dia, um dia único, ou no mínimo dar-mos o nosso melhor para que isso aconteça.
Parece tão básico, mas já pararam no meio da rua para apreciar uma flor no jardim a caminho de casa? Já tiraram 10 minutos do vosso dia para olharem bem para os vossos filhos e perceberem que à vossa frente têm o vosso verdadeiro amor? Já pensaram que, mesmo com todos os vossos nhanhanhãs, ainda se conseguem mexer e que há tanta gente em lares e hospitais que passam meses sem ver a luz do dia? Que tal tirarem uma tarde por mês para fazer um pouco de voluntariado?
A vida é para ser vivida em pleno e ser sentida sem remorsos. Não há nada mais triste do que chegar a velho e lamentar aquilo que não se fez. Porque se perdeu demasiado tempo com "se's" e mas". A vida é hoje, é agora!
E antes que pensem que estou a falar de boca cheia, acreditem que além da Fibro, tenho Sindroma de Sjogren (já num estado avançado) e artrite reumatóide. Se tenho dores? Tenho! Se me canso? Canso? Se me queixo? Pouco! Não porque queira ser mais forte do que os outros, mas porque escolhi ver o lado bom que a vida me dá.
Hoje e sempre 💖