21 de abril de 2017

Mimos de morango

Chamei-lhes de mimos, porque era mesmo um miminho que me apetecia.
E que bons que estão.

Tinha comprado um cestinho de morangos bio. Ao fim de 2 dias no frio, já estavam a começar a estragar-se e antes que fosse o resto, aproveitei-os todinhos!

INGREDIENTES:

300 g de morangos
1 saqueta de gelatina em pó neutra
Canela de Ceilão a gosto
Côco para cobrir


PREPARAÇÃO:

Lavam-se e retiram-se os pés dos morangos.
Trituram-se os morangos e deixa-se cozinhar em lume baixo para não ferver.
A ideia é fazer uma pequena redução de forma a não necessitar de adoçar.
Quando a mistura começar a ficar translúcida, está no ponto.
Junta-se a gelatina em pó e mexe-se bem para dissolver e não deixar grumos.

Na Bimby:

Colocam-se os morangos cortados e programa-se 7 mins/ vel. colher/ 100º.
Coloca-se a gelatina em pó e programa-se 15 segs/ vel. 4.

Entretanto pincela-se umas forminhas de silicone com óleo de côco derretido.
Preenche-se com o coulis de morango e leva-se ao frio para solidificar.
Depois de sólido, desenforma-se e decora-se a gosto.
Eu usei côco ralado.

E dá para fazer com qualquer fruta! 


Corações de coentrada

Do que eu gosto mesmo é de comer estas coisas com uma boa cebolada e bastante tomate, mas como agora não entra cá tomate, fiz com coentros. E garanto que estava 5 estrelas :D

INGREDIENTES:

500 g de corações de frango frescos
1 cebola grande
1/2 molhe de coentros
Azeite extra-virgem
Sal
2 dentes de alho


PREPARAÇÃO:

Pica-se a cebola, o alho os coentros.
Coloca-se tudo num tachinho com um fio de azeite.
Quando a cebola estiver murcha, juntam-se os corações.
Deixa-se estufar em lume brando, cerca de 25 minutos.

Bom apetite!

Creme de cogumelos

Um pouquinho cansada das sopas de legumes, apeteceu-me variar. Ao abrir o frigorífico reparei na embalagem de cogumelos e achei que ia ser mesmo isso. Creme de cogumelos!

INGREDIENTES:

350 g de cogumelos frescos
1 cebola
1 dente de alho
1 cenoura pequena
1 courgette
1 pé de cravinho
Água
Sal
Azeite extra-virgem

PREPARAÇÃO:

Pica-se a cebola e 300g de cogumelos grosseiramente.
Numa panela, deita-se um fio de azeite e o picado.
Deixa-se estufar em lume médio.
Juntam-se os restantes legumes descascados e cortados aos pedaços, assim como o cravinho.
Cobre-se com água e deixa-se cozer.
Depois de cozidos, retira-se o cravinho e tritura-se tudo muito bem com a varinha.
Se ficar espesso, junta-se mais um pouco de água.
Juntam-se os restantes cogumelos. Eu deixei cru porque gosto assim, mas podem deixar cozer.

Obs. Acho que aqui ia ficar bem um pouco de noz-moscada mas como não posso nesta fase, fica para mais tarde!



20 de abril de 2017

Esparregado

Se há comidas de que gosto, é de esparregado. Mas mais uma vez, com os ingredientes tradicionais, não o posso comer. Arranjei uma solução rápida.

INGREDIENTES:

250g de folhas de espinafres
1 c de sobremesa de farinha de mandioca
Leite de  côco caseiro q.b. (receita aqui)
2 cs de azeite
2 dentes de alho
Sal

PREPARAÇÃO:

Cozer as folhas de espinafres. Eu cozi a vapor para não perder nutrientes.
Aquecer o azeite com os alhos desfeitos e reservar.
Triturar os espinafres com o azeite e os alhos e a farinha de mandioca.
Se ficar muito espesso, juntar um pouco de leite de côco para ficar mais cremoso.
Rectificar os temperos e servir.

Obs. Esta quantidade dá para uma pessoa que não coma muito :D

Panquecas de maçã sem ovo

Para quem já me acompanha, sabe que estou a cumprir um protocolo alimentar mais restrito para doenças auto-imunes. Isento de glúten, de lactose, de sementes, de frutos secos e de ovos.

Ora cozinhar acaba por ser um desafio, ainda mais sem estes ingredientes. Hoje não me apetecia sopa de manhã nem carne e pus-me a inventar. E acho que não me saí mal.

INGREDIENTES:

1 maçã
100 ml leite de côco caseiro (receita aqui)
2 cs de farinha de côco
1 cs de farinha de mandioca
Óleo de côco qb.
Canela de Ceilão a gosto


PREPARAÇÃO:

Descasca-se e corta-se a maçã em pedacinhos.
Consistência da massa antes de cozinhar
Numa frigideira anti-aderente, coloca-se a maçã com 1 c. de café de óleo de côco e canela a gosto.
O lume tem de estar baixinho senão queima.
Se secar muito, junta-se um fio de água.
Deixar-se caramelizar.

Depois de cozinhada, reserva-se metade da maçã.
A restante, coloca-se num recipiente, com o leite de côco, as farinhas e mais um pouco de canela e tritura-se.
Se a massa ficar líquida, junta-se mais um pouco de farinha de mandioca até ficar com a consistência como na foto.

Liga-se o lume e aquece-se uma frigideira anti-aderente. (Eu fiz na crepieira para cozinhar tudo ao mesmo tempo.)
Pincela-se com um pouco de óleo de côco e com a ajuda de duas colheres fazem-se pequenos bolinhas e espalha-se na crepieira. O lume também não pode estar muito alto.
Deixa-se cozinhar de um lado e do outro e recheia-se a gosto. Numa usei a maçã que tinha de reserva e na outra usei coulis de framboesa caseiro.

Obs. Esta massa deu para 6 mini-panquecas, como na foto.

Sopa de legumes sem batata

Uma sopa cai bem em qualquer altura do dia e cá por casa não costuma faltar. Eu faço sempre uma base simples porque depois posso adicionar no prato os alimentos que eu quiser.

Esta fiz assim:

INGREDIENTES:

1 courgette descascada (não gosto da acidez da casca na sopa)
1 cebola
1 cenoura
2 ou 3 floretes de couve flor
1 dente de alho
Água
Sal e azeite
250g de folhas de espinafre

PREPARAÇÃO:

Descascar e cortar os legumes.
Colocar os legumes a cozer com sal a gosto e água a tapar os legumes.
Depois de cozidos, triturar os legumes com a varinha mágica.
Se o puré estiver muito espesso, adicionar um pouco de água quente até obter a textura desejada.
Ao mesmo tempo, colocar as folhas de espinafres.
Depois de confirmar a cozedura dos espinafres, apagar o lume e colocar um fio de azeite e mexer.

18 de abril de 2017

Maionese sem ovo



Eu já fazia maionese caseira mas depois de iniciar o protocolo para auto-imunes, e por não se consumir ovo, nem sementes (como a mostarda), as escolhas ficam um pouco reduzidas e é preciso contornar a coisa.

Já tinhas 2 abacates a "dar a volta" e decidi aproveitá-los para fazer um creme/molho, o que quiserem chamar, eu chamei de maionese :D


INGREDIENTES:

2 abacates
Sumo de 1/2 limão
Flor de sal
Alho em pó
Meio ramo de coentros
Uns pés de salsa
Leite de côco para diluir

PREPARAÇÃO:

Descascam-se os abacates e retira-se o caroço.
Num copo misturador, colocam-se os abacates e os restantes ingredientes.
Tritura-se tudo com a varinha da sopa.
Se ficar muito espesso, vai-se juntando um pouco de leite de côco até obter a consistência desejada.
Rectificam-se os temperos e já está.

Obs. Eu utilizei só estes temperos mas podem acrescentar outros da vossa preferência. Só precisam de ter cuidado se estiverem a cumprir o protocolo.


17 de abril de 2017

O prazer da solidão

Andava eu a vaguear pela internet e deparei-me com uma experiência levada a cabo nos anos 80. O jornalista italiano Tiziano Terzani, depois de muitos anos a fazer reportagens pela Asia, isolou-se durante um mês numa cabine. Durante um mês não falou com ninguém, à excepção do seu cão Baoli. Terzani passou o seu tempo a ler, a observar a natureza: ouvindo o vento a passar nas árvores, observando borboletas, a saborear o silêncio. Pela primeira vez na sua vida e durante muito muito tempo, sentia-se livre das ansiedades do dia a dia. Finalmente tinha tempo para ter tempo.

A reclusão de Terzani pode ser considerada até inusitada, uma vez que a humanidade sempre estigmatizou a solidão. A solidão ao longo dos tempos tem sido vista como inconveniente, como se fosse qualquer coisa a evitar a todo o custo, um castigo ou consequência de quem nunca soube viver em sociedade. E transpondo para o mundo actual, estar conectado ou disponível é quase obrigatório e o contrário nem sempre é bem visto. 

Mas saborear uns momentos de solidão nem sempre é mau. Felizmente e cada vez mais, as pessoas vão tendo noção da importância de se desligar um pouco do mundo que os rodeia. Quando tiramos esses momentos só para nós, somos confrontados com os nossos próprios medos, com as nossas escolhas, com aquilo que realmente somos e com aquilo que realmente importa. E se por um lado, nada é mais assustador, por outro lado traz uma paz de espírito que "os outros" não compreendem.

Desligue-se do mundo

Tire uns momentos para se desligar do mundo "lá fora". Desligue telemóvel, pc, televisão. Estar uns momentos indisponível para o mundo, permite que o seu cérebro descanse um pouco de todas as solicitações que tem sempre, que estamos ligados. Estar sozinho com os seus pensamentos, sem distracções, dá-lhe a oportunidade de arrumar as ideias e de pensar de forma mais clara e objectiva. É uma oportunidade para conectar corpo e mente. Eu tenho dias em que chego a casa e que ligo a tv para ter ruído de fundo, mas também tenho muitos momentos em que desligo tudo e não quero saber de nada. 


Aproveite para reflectir 

As responsabilidades do dia a dia, as rotinas no trabalho, na escola dos filhos, na vida familiar parecem nunca mais acabar. Estas actividades constantes não permitem que possamos tomar sempre as melhores decisões. Decidir qualquer coisa importante enquanto descasca as batatas para a sopa ou enquanto ajuda o filho nos trabalhos de casa, nem sempre sairá bem...digo eu! 

Tirar um tempo só para poder reflectir sobre determinada situação, permite-lhe maior concentração e encontrar uma solução muito mais clara e realista.

A solidão permite a reflexão. Gostar de estar sozinho também se aprende. E isso implica também aceitar-se como ser humano cheio de virtudes e defeitos. "Estou feliz com a vida que tenho?", "O que posso mudar para ser mais feliz?", "Quais são os meus objectivos a curto e longo prazo?" Parecem clichés, mas são perguntas muito profundas que, gostando ou não, precisam de ser colocadas de vez em quando para nos recentrarmos na vida e no mundo.

Descubra-se



Momentos de solidão dão-lhe a oportunidade de se reencontrar. Estar em grupo é muito agradável e saudável, mas muitas vezes também nos obriga a pensar em grupo. Pensamentos ou decisões que nunca tomaríamos se estivéssemos sozinhos e sem interferência de terceiros. Assim torna-se fácil gostar de estar sozinho quando percebe que lhe dá mais liberdade para fazer coisas que realmente gosta de fazer.

Passar tempo consigo próprio permite-lhe perceber melhor quem é e que prioridades tem na vida. Ao conhecer-se melhor, acabará por apreciar mais quem tem ao seu lado, ou pelo contrário, decidir quem quer ter ao seu lado. 

Aprecie a solidão dos seus pensamentos. Com o tempo, começará a apreciar estar sozinho e vai ganhar uma perspectiva diferente das suas próprias emoções, do que o faz feliz, do que o incomoda.

Reserve um tempo para si

Sim, ok, entre o levantar cedo e deitar tarde sobra pouco tempo. Mas há sempre hipótese de se levantar um pouco mais cedo, ou deitar-se depois de toda a gente e usufruir desse tempo só para si. Use esse tempo para fazer algo que lhe dá prazer, para tentar resolver um problema pendente ou para meditar. Acredite que faz maravilhas.

Use a hora de almoço só para si. Não é preciso fazê-lo todos os dias, mas de vez em quando, almoce sozinho, num jardim, ao sol, num parque... mas sozinho.

Se for preciso marque na sua agenda tempo só para si. Se marca a hora de reuniões, de consultas, de horas importantes, porque não marcar também horas para si? 

Seja mais egoísta

Dito assim, parece muito fútil e malicioso, mas quantas vezes não largou tudo para fazer algo por outra pessoa? Então qual é o mal, largar tudo por uns minutos e fazer algo por SI?

Deixe de se preocupar com a opinião dos outros. Estamos constantemente à espera da aprovação dos outros para o que fazemos ou dizemos ou decidimos. Claro que é sempre bom poder contar com a opinião e ajuda de terceiros. Mas também há momentos em que é perfeitamente capaz de agir por conta própria e isso traz autonomia e aumenta a sua auto-estima.

Aprenda a confiar nos seus instintos e a tomar decisões sem esperar a aprovação dos outros. Conhecer as suas emoções, fazer escolhas conscientes e assumir as suas consequências, não é sinal de egoísmo, é sinal de maturidade.

16 de abril de 2017

Psicomotricidade e Fibromialgia - uma aliança valiosa

Quando me foi diagnosticada a Fibromialgia, a minha reumatologista recomendou-me entre várias coisas, praticar todos os dias exercícios de alongamento, sempre que possível caminhar com os meus bastões (marcha nórdica) e recorrer à psicomotricidade. Na altura eu não sabia sequer o que era nem tinha ouvido falar. Mas acabou por revelar-se uma ajuda preciosa que me preparou para a vida...com Fibro, claro!

Fazíamos vários exercícios sobretudo a nível de relaxamento e de consciencialização do meu "eu". E ainda hoje, sempre que me sinto ir abaixo das canetas e do ânimo, relembro o que aprendi lá e ponho em prática.


Cada doente é tratado como indivíduo e as terapias são aplicadas individualmente consoante o seu estado físico no momento e sobretudo psíquico e emocional. 


O que é a psicomotricidade? 

Queria partilhar a minha experiência e divulgar o quanto isso me ajudou e continua a judar, mas não sabia como o explicar correctamente. Por essa razão, pedi ajuda à minha amiga Sandra Pinheiro (psicomotricista) que melhor que ninguém sabe explicar no que consiste e que gentilmente me fez este texto:

"Pode designar-se psicomotricidade como uma área híbrida, com diversas influências ao nível da medicina, nomeadamente da Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise, Pedagogia, Neurologia e Educação Física.

É uma forma de exercer psicoterapia no paciente através da mediação corporal, onde o corpo, o espaço, a expressão motora, o gesto, o movimento e a tonicidade são cruciais. A comunicação entre o paciente e o técnico é substancial, sendo necessário o estabelecimento de uma relação afetivo-emocional entre ambos.

Caberá ao técnico efetuar uma primeira avaliação psicomotora, através de uma primeira consulta, de forma a verificar as necessidades do paciente, de forma a ajustar os exercícios e técnicas que possam ser recomendadas.

No caso específico da Fibromialgia a terapia indicada será a Terapia Psicomotora, que se refere essencialmente a todos os casos em que a dimensão afetiva e relacional está condicionada. Esta terapia engloba a reeducação e educação psicomotora mas de uma forma mais ampla. Deverá ser usada como melhoria no campo motor, pois é através dela que se transformarão os modos de perceção e as formas de apreensão das aferências emocionais. É importante que durante as sessões, o paciente tenha a vivência corporal (experiências vivenciadas) no que se refere à realidade e fantasia, com a respetiva carga afetiva, emocional, sensual, sexual e social que isso acarreta.

Os doentes com fibromialgia apresentam maior dificuldade na estruturação espácio-temporal, podem facilmente confundir símbolos ou mesmo esquecê-los, esquecer ruas ou localidades. As dificuldades na estruturação espácio-temporal podem ainda acarretar uma falta de padrão rítmico constante, o que ocasionará uma falta de coordenação na realização dos movimentos. É natural que coexista a dificuldade na organização de tempo e de atividades e/ou tarefas.

No esquema corporal existem dificuldades como lentidão e dificuldade de realização de movimentos harmoniosos simples, como: abotoar uma roupa, apertar uns atacadores, por vezes mesmo na locomoção. Confusão nas coordenadas de espaço como: em cima, em baixo, ao lado, linhas verticais e horizontais, bem como o sentido de orientação e pode ser facilmente confundido direita/esquerda.
A noção de espaço é ambivalente, pois, é ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita. Ela envolve tanto o espaço do corpo, como o espaço que nos rodeia. A ideia do espaço, incluída nas nossas sensações, resulta das nossas experiências e aprendizagens.

No que se refere à tonicidade esta é considerada como o alicerce fundamental no desenvolvimento motor, sendo através do tónus que se estabelece o contacto com o mundo exterior. É através do tónus que a tonicidade garante as atitudes, posturas, mímicas, emoções essenciais à motricidade humana. O tónus é ainda essencial na preparação da musculatura para as múltiplas e variadas formas de atividades diárias.

A função tónica representa-se do ponto de vista fisiológico de duas formas: através do tónus de repouso, que equivale ao estado permanente do músculo que se conserva inclusive durante o sono; e o tónus de atitude, que é ordenado pelo jogo complexo de reflexos da atitude, sendo o resultado das sensações propriocetivas e dos estímulos provenientes do mundo exterior.

Há um modelo postural, um esquema, uma imagem do nosso corpo, independente das informações cutâneas e profundas que desempenha um papel importante, mesmo que não seja evidente na consciência que cada um tem de si mesmo. O modelo postural não é um dado estático, mas sustenta ativamente todos os gestos que nosso corpo realiza sobre si mesmo e sobre os objetos exteriores.

O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento, mais energia consome e tal gasto energético poderia ser canalizado para outros trabalhos neuromusculares. Dessa luta constante, mesmo que inconsciente, contra o desequilíbrio resulta uma fadiga corporal, mental e espiritual, aumentando o nível de stress, ansiedade e angústia do paciente.

Ao longo do tempo vamos percebendo também que a praxia fina fica comprometida, sentimos falta de força nas mãos, falta de controlo dos movimentos dos dedos das mãos, dificuldade em escrever, quer no computador, quer à mão.

Cabe ao Psicomotricista auxiliar os pacientes da melhor forma, incluindo a família, de forma a melhorar a qualidade de vida do paciente, através de estratégias trabalhando todos os fatores psicomotores."

Para mim foi fundamental na minha gestão diária de dores e desconforto. Aprendi a respirar quando tinha mais dores, o que me aliviava logo a tensão. Aprendi a "desligar" o meu cérebro, quando ele insistia em manter-me acordada dia e noite. Mas aprendi sobretudo a ouvir-me, a conhecer-me e a respeitar os meus próprios limites.

15 de abril de 2017

Tarte de maçã

É Páscoa. Não que ligue muito a isso, mas apetece sempre um miminho. O problema é que por estar a fazer o protocolo para doenças auto-imunes, as escolhas eram muito reduzidas e andava meio perdida. Não há grande escolha de receitas em português e as receitas inglesas ou americanas têm ingredientes que não usamos, ou usamos pouco.
Mas receita daqui, improviso dali, até que saiu uma coisa mesmo saborosa, se bem que o aspecto não tenha ficado o melhor, vá! Mas isto com o tempo vai lá!

INGREDIENTES PARA A MASSA:

3/4 chávena de farinha de mandioca
3/4 chávena de farinha de côco (usei feita em casa, receita aqui)
1/4 chávena de água
1 pitada de flor de sal
3 colheres de sopa bem cheias de óleo de côco derretido
1 colher de sopa de mel
1 chávena de maçã cortada aos pedaços (deu 1 maçã e meia)

PREPARAÇÃO DA MASSA:

Liga-se o forno a 180º.
Leva-se a maçã cortada aos pedaços ao microondas cerca de 2 minutos para cozer e reserva-se.
Numa tigela, misturam-se os ingredientes secos (as farinhas e o sal).
Noutro recipiente misture os ingredientes moles (óleo de côco, mel, água e a maçã cozida).
Aos poucos juntam-se os ingredientes secos aos moles e amassa-se bem.
Fica com uma textura grosseira tipo crumble (tinha esperança que ficasse uma massa que pudesse usar com o rolo, mas não deu).
Unta-se uma tarteira com óleo de côco e forra-se com parte da massa. Reserva-se.

INGREDIENTES DO RECHEIO:

2,5 maçãs descascadas e picadas fininhas
1 colher de sobremesa de óleo de côco
1 colher de sobremesa de mel
Canela a gosto (usei também um pouco de gengibre em pó)

PREPARAÇÃO DO RECHEIO:

Numa frigideira anti-aderente colocam-se todos os ingredientes para o recheio e deixa-se caramelizar a maçã. Retira-se do lume assim que estiverem amolecidas.

Deitam-se as maçãs sobre a massa na tarteira e cobre-se com o resto da massa.
Eu fui colocando aos poucos porque a massa não dá para mais, mas podem colocar aos montinhos do género crumble.
Vai ao forno cerca de 25 minutos.
Retira-se e serve-se depois de fria.

Tinha poucas expectativas em relação ao resultado, mas depois de provar achei-a muito saborosa e vai servir de base para as próximas tartes ;)

12 de abril de 2017

Semi-frio de framboesa

Gosto muito de fruta e de sobremesas com fruta e como estou numa fase em que não posso consumir bolos ou farinhas, esta parece ser uma boa solução....para mim, claro :) ...e tinha coulis para gastar!

INGREDIENTES:

200 ml de leite de côco caseiro (receita aqui)
50 g de coulis de framboesas (também pode usar framboesas frescas) e juntei também uns mirtilos
3 folhas de menta fresca
1 colher de sopa de agár-agár (ou gelatina neutra em pó)
Açúcar de côco ou mel q.b. para adoçar se necessário (eu não usei)

PREPARAÇÃO:

Num tachinho, leva-se o leite de côco ao lume.
Quando estiver quente (sem ferver) junta-se o agár-agár (ou a gelatina em pó) e mexe-se bem para dissolver.
Assim que começa a querer ferver, desliga-se e junta-se o coulis (ou a fruta fresca) e as folhas de menta e tritura-se com a varinha.
Coloca-se a mistura em formas de silicone e leva-se ao frio.
Depois de bem frio e sólido, desenforma-se e decora-se a gosto.
Eu decorei com nata de côco e frutos vermelhos.

:)

11 de abril de 2017

O medo

Quando se recebe o diagnóstico de Fibromialgia, é natural sentir o medo a invadir-nos. Palavras como "incurável", "crónico", "dor crónica" são usadas tantas vezes que é perfeitamente natural que o medo se instale e que os dias que temos pela frente não sejam de todo vistos com ânimo leve. Mas como em tudo na vida, é preciso pegar o boi pelos cornos (acho que é assim que se diz!)

Os meus sintomas começaram em 1992 quando tive febre reumática. Depois do surto estar controlado, ficaram as dores. Quando me queixava aos médicos que me foram assistindo, atribuíam as dores e mal-estar ao tempo, à humidade, à genética, aos astros...não interessava. Interessava era que os exames estavam todos bem e "toma lá uns anti-inflamatórios e vai tomando em S.O.S."!

Entretanto fui mãe e como a miúda tinha resolvido que a sua missão no mundo seria chorar, dia e noite, o sono foi ficando para trás. Ao fim de 2 anos, lá acalmou mas o sono nunca mais voltou. E quando em queixava à médica, dizia-me que isso era tudo normal nas mães de primeira viagem, quando a miúda crescesse, tudo entraria nos eixos. Certo....e isso seria quando? 1 semana, 1 mês, 1 ano, 10?...quanto???

Foi preciso ter mudado de país, de médica e depois de uma epicondilite que não queria regredir, que a médica (a nova) me perguntou como era o meu sono, que sintomas tinha e do nada disse-me que eu tinha Fibromialgia! "Deves"...pensei! Ainda por cima, eu tinha a (pouca) noção de que a Fibro estaria associada a pessoas depressivas e eu não sou nada dada a isso. Aliás a médica até disse que só não avançou com o diagnóstico mais cedo precisamente por eu ser uma pessoa sempre bem disposta e animada.

Como eu não concordava com o diagnóstico (eu e as minhas manias), ela à minha frente foi à net e leu-me os sintomas, mas como não podia confirmar, mandou-me para reumatologia e neurologia. O certo é que ela continuou a falar mas eu fiquei presa em algumas palavras "incurável", "dores constantes", "crónico". E o desconforto instalou-se.

DAR OU NÃO VOZ AO MEDO


Mas por outro lado (e foi aqui que me agarrei para me "animar"), o diagnóstico, fosse ele qual fosse, veio dar um sentido às queixas que eu tinha. Como se enfim, tudo fizesse sentido, e isso sim, foi um alívio.


Cheguei a casa e fui pesquisar tudo o que encontrei, aderi a grupos de apoio, decidida a dar luta à "bicha". Sentia medo. Mas tal como com os cães, não se pode mostrar medo e eu não iria baixar os braços. 

Comecei logo mal, porque no início tomei as drogas recomendadas e foi um periodo horrível. Quando questionava nos grupos se era mesmo assim, as respostas eram sempre desanimadoras....que iria ser sempre assim e que ainda iria piorar, e que a vida a partir de agora já não fazia sentido e que tudo tinha acabado. COMO? Eu não me via nada assim, era o que mais faltava. De um dia para o outro deixei de tomar o anti-depressivo (que supostamente me devia relaxar e supostamente me devia tirar as dores mas que efectivamente me deixava literalmente a vegetar). Não foi uma boa ideia porque andei quase uma semana de ressaca e isto só com 2 ou 3 semanas de drogas. Quase desejei voltar a tomá-las, mas não...não ia dar esse gostinho à "bicha".

E decidi que iria fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para recuperar, ou pelo menos tentar levar a vida o mais leve possível. Não tinha nenhuma bola de cristal, mas estava decidida a dar luta.

Felizmente tive a sorte de ter bons terapeutas, sobretudo a minha terapeuta de psicomotricidade. Foi com ela que descobri a fazer relaxamento profundo, que descobri a meditação, que descobri alternativas. Com a fisioterapeuta descobri a aromaterapia e exercícios de relaxamento e de alongamentos. Com a reumatologista aprendi a fazer marcha nórdica. Por outro lado, com a médica assistente tinha receitas regulares de anti-depressivos e relaxantes musculares que eu deitava fora assim que saía do consultório, mas isso agora já não interessa nada!

Entretanto descobri a importância da relação alimentação/saúde. E desde então tenho tentado sempre melhorar, ajustando as coisas em função do que vou sentindo. Porque além da Fibro, também tenho uma doença auto-imune (Síndroma de Sjögren) e a coisa não é assim tão linear.

Mas acreditem que é possível ter uma vida normal com uma doença crónica e/ou auto-imune. Não se deixem abater por comentários derrotistas e sobretudo não deixem que ninguém vos diga que não podem fazer seja o que for. 

Mesmo com problemas crónicos, é possível ter vida e ter qualidade de vida, depende sempre da nossa atitude. Se decidirmos ter medo do desconhecido, e dar-lhe voz e importância, não saímos do sofá e entupimo-nos de drogas que nos deixam alienadas. É isso que se pretende desta vida? Deixar que os dias passem e não tiremos nenhum benefício de estarmos vivos? 

Atitude positiva é essencial. Claro que há sempre quem diga "ah e tal diz isso porque não tem uma dose muito intensa". Amigos, não há intensidades diferentes de Fibro, ou se tem, ou não! Depende da importância que lhe damos. Se tenho dores? Tenho...mas ficar todo o dia deitada porque tenho dores, não me alivia as dores. Quando tenho dores, é quando faço com maior concentração os meus exercícios de alongamento. Sim, também vão dizer "ah e tal, se tivesse muitas dores não se mexia!" Tá...e já experimentaram espreguiçar-se devagar? Só um cadinho? Pode doer mas só faz bem e a médio/longo prazo é a única solução. Porque garanto que ficar encarquilhada no sofá, não vai aliviar nada...mas isso já sou eu.

Sono. Sim também tenho noites mal dormidas. Mas ficar na cama a dar voltas e a lamentar a noite que não estou a dormir, já sei que não resulta. E também não resulta vir para as redes sociais dizer que tenho insónias, porque o sono continua a não aparecer. Ou então não sei fazê-lo como deve ser. Prefiro levantar-me, faço um chá, ligo a tv, se me apetecer, vou ler um livro e quando estou "aborrecida" volto para a cama e tento fazer alguns exercícios de relaxamento para adormecer. Resulta quase sempre, mas quando não resulta, não adianta descarregar no companheiro, nos filhos, porque além de não terem culpa nenhuma, não resolve nada. Esta noite pode ter sido má, pode ser que a próxima seja melhor...eu pelo menos acredito sempre que sim.

Cansaço, fadiga? Também tenho. Mas se estou cansada e estiver em casa, paro e descanso. Se não houver jantar, paciência. Quem estiver, que se desenrasque. Felizmente não me posso queixar de quem me rodeia porque também não dou hipótese. Mas de nada serve insistir em fazer as coisas quando a fadiga se instala porque (no meu caso) nunca dá bom resultado.

Não é porque estou sempre bem disposta que eu não tenho dores ou que não sinto as coisas. Simplesmente deixei de as valorizar e sempre que a vozinha da Fibro se quer fazer ouvir, eu viro-lhe as costas e reajo. Depende sempre de nós a forma como deixamos que a doença nos afecte. Mas ficar parada, a lamentar-me pelos cantos e entregar-me, não faz parte dos meus planos dos próximos 50 anos.

O medo é a pior coisa que nos pode acontecer se não lhe fizermos frente. Mas por outro lado, ainda bem que ele aparece porque só assim saimos da nossa concha, da nossa zona de conforto e arriscar e experimentar novas metodologias, novas terapias. 

Como diz aquela frase muito bonita da qual não conheço o autor "Se der medo, vai com medo mesmo!"

10 de abril de 2017

Pastéis de bacalhau paleo e AIP-friendly


A filha pediu pastéis de bacalhau. Mas como estou numa fase de experimentar retirar alguns alimentos das minhas rotinas alimentares, tive que improvisar. para ela fiz normal, para mim, fiz com batata doce, couve-flor e sem ovo.


INGREDIENTES:

200g de bacalhau cozido e desfiado
120g de batada doce cozida
80g de couve-flor cozida
50 g de cebola
Salsa a gosto
Creme de côco (se necessário)
Sal, pimenta e alho em pó q.b.

PREPARAÇÃO:

Como tinha tudo já cozido, piquei o bacalhau com a cebola e a salsa na picadora.
Juntei a batata doce e a couve-flor e piquei.
Rectifiquei os temperos.
Reparei que a massa não "ligava" muito bem e juntei uma colher de sobremesa de creme de còco só para dar um pouco de textura.

Liguei o forno a 200º.
Entretanto e com a ajuda de 2 colheres de sopa, moldei os pastéis e coloquei-os num tabuleiro forrado com papel vegetal.
Foram ao forno cerca de 30 minutos .

Espero que gostem!

9 de abril de 2017

"Queijo" de amêndoa

Foto 1
Já deixei os lacticínios há algum tempo mas soube que em Portugal se vendia "queijo" de amêndoa e fui logo procurar cá. Claro que não existe sequer por estas bandas. Então andei a ver receitas e entre umas mais complicadas e outras  mais fáceis, fiz assim...

INGREDIENTES:

200g de amêndoa
100 ml de água
2 colheres de sopa de azeite
3 colheres de sopa de sumo de limão
1 colher de café de sal
Alho em pó (ou outros temperos a gosto)

PREPARAÇÃO:

Demolhar a amêndoa durante uma noite.
Depois de demolhadas, deita-se a água fora escaldam-se para tirar a pele.
Depois de retirada a pele, deitam-se num copo misturador juntamente com os 100 ml de água e os restantes ingredientes.
Foto 2
Pica-se tudo na velocidade máxima durante 5 minutos.
Verifica os temperos.

Entretanto prepara-se um passador com um recipiente por baixo e coloca-se um pano por cima.
Deita-se a mistura sobre o pano.
Fica com a textura conforme foto 2.
Aperta-se bem o pano para deixar escorrer o líquido ainda remanescente.
Vai ao frio durante 12 h para secar bem.

Ao fim das 12 horas, molda-se com cuidado em formato de queijo e vai ao forno em tabuleiro forrado com papel vegetal durante 1 hora a 150º para secar.
Ao fim desse tempo, verifica-se se tem "crosta" já firme e desliga-se o forno.
Retira-se, deixa-se arrefecer e vai ao frio umas horas para endurecer.

Obs. Claro que não tem sabor a queijo, mas com o sabor do azeite e do alho, fica muito saboroso. Da próxima vez coloco ervas frescas.

Pudinzinhos

Foto 1
Já tinha estas formas em casa há tanto tempo, e tinha mesmo receio que se estragassem ahahaha
E fiz estes mini-pudins. Rápidos e fáceis de fazer, como já é apanágio cá por casa.

Fiz assim...

INGREDIENTES:

250 ml de leite de côco caseiro (receita aqui)
3 ovos
5 tâmaras (para mim ficou suficientemente doce, mas podem ajustar)
Canela a gosto
Amêndoa laminada.


PREPARAÇÃO:

Foto 2



Liga-se o forno a 200º.


Juntar as tâmaras e o leite e tritura-se tudo.

Eu fiz na Bimby mas podem usar a varinha da sopa.

Juntam-se os ovos, a canela e a amêndoa laminada.

Coloca-se a mistura em formas de pudim que vão ao forno em banho-maria (foto 2)

No meu forno (nestas coisas uso o pequeno) precisei de cerca de 25 mins, mas convém fazer o teste do palito.

Retiram-se do forno e desenformam-se depois de frios.




Obs. Este prato é o pires das chávenas de café. Quando digo que são pudins mini, é porque são MESMO minis :)
Foto 3

6 de abril de 2017

Gelado de chocolate


Queria mesmo experimentar estas forminhas...
sim, sou pior que as crianças!
E fiz estes gelados em formas mini.

INGREDIENTES:

100 ml  de leite de côco
2 quadrados de chocolate com 85% de cacau
1 pitada de gengibre em pó (opcional)

PREPARAÇÃO:

Derreter o chocolate com o leite e o gengibre até ficar uma mistura homogénea.
Colocar a mistura nas formas de silicone e levar ao congelador.

Obs. Esta quantidade deu para 3 formas destas, e não há necessidade de mais ;)

Dor crónica - como ajudar alguém com dor crónica

Considera-se dor crónica quando a condição dura há 3 meses ou mais e continua depois de passado o processo traumático. A dor é a resposta neurológica do nosso organismo a qualquer lesão, mas na dor crónica os sinais da dor continuam activos e de forma anómala. Esta situação torna-se tremendamente stressante e provoca sentimentos de exaustão muitas vezes incompreendida. 

Se convive com alguém com dor crónica, talvez seja chegado o momento de ser pro-activo e fazer com o que o sofrimento dessa pessoa diminua um pouco. Não no sentido figurado claro, mas só o facto de entender a pessoa e o sofrimento em que se encontra, já provoca um grande alívio e torna os seus dias um pouco menos negros.

PROCURE INFORMAR-SE SOBRE DOR CRÓNICA

Cada pessoa sente a dor de forma diferente e reage também em conformidade. Pode ser útil falar sobre isso com a pessoa em questão. Quanto mais souber sobre o que a situação pela qual está a passar, mais facilmente poderá compreender o que sente e sobretudo as suas atitudes.

Saiba mais sobre a dor que a pessoa está a sentir:

  • Procure saber quando é que a dor começou (isto se não viver com a pessoa, claro!)
  • Na maior parte dos casos, os médicos não sabem a origem da dor o que torna o caso mais difícil de gerir. Procure ser tolerante.
  • Não obrigue um doente crónico a falar do assunto, quando não está para aí virado. Há dias em que falar sobre o assunto, ajuda. Mas há outros em que falar nisso, ainda torna a dor mais presente. Espere que seja a pessoa a abordar o assunto. Sim, é complicado, mas lembre-se que para sente a dor, ainda é mais complicado!
  • As dores crónicas mais sentidas são dores de cabeça, coluna, dores artríticas e sobretudo dores nevrálgicas, tais como ciatalgias, neuropatias periféricas ou outras. Fadiga crónica e depressão também fazem parte do rol. Procure saber o que a pessoa está a sentir e o que pode fazer para aliviar.
  • Entenda que na maior parte das vezes, um doente crónico não consegue descrever o que sente, nem a intensidade da dor. Para perceber melhor, imagine uma situação em que teve uma dor persistente e incomodativa. Agora imagine sentir essa dor o resto da sua vida....todos os dias! Chato, né?

Reconheça os sinais:
  • Entenda de uma vez por todas de que, quando um doente crónico diz que está bem, não significa que não está a sentir dor. Significa sim, que a dor é "tolerável". É frequente a pessoa camuflar a dor simplesmente porque quem está ao seu lado, não a entende.
  • Se perguntar a doente com dor crónica como estão as suas dores, o mais provável não dizer como se sente na realidade, em termos de intensidade da dor. Um doente crónico, com o tempo, desenvolve uma tolerância à dor surpreendente e só se queixa quando a dor já passou a barreira do suportável!
  • Quando nos constipamos ou apanhamos uma gripe, vamos mostrando alguns sinais de que o nosso corpo não está bem e que algo está para chegar. Assim acontece com um doente crónico. Todos nós temos formas de reagir diferentes, uns preferem "ficar no seu canto" e que ninguém os chateie (Euzinha!), outros sentem-se melhor se ficarem quietos e no escuro, outros preferem falar no assunto.
  • Procure os sinais...irritabilidade, inquietude, alterações bruscas de humor, mãos irrequietas, bocejar constantemente, noites mal dormidas, ranger de dentes, dificuldades de concentração, alterações de actividade a qualquer nível. Tudo isto são sinais de que algo está a sair do normal. Cabe a si perceber e conhecer quem está ao seu lado.
Atente aos sinais de depressão:

A dor crónica pode muitas vezes causar uma depressão secundária. E convenhamos, também não se sentiria deprimido se sentisse dores o dia todo, e todos os dias? A depressão pode ser resultado da dor crónica assim como a dor crónica pode vir da depressão. Complicado, sim! Mas é como é.
  • A depressão pode levar algumas pessoas a demonstrar menos emoções. Tente perceber o que se passa, e se não é uma forma de camuflar a dor que está a sentir.
  • A depressão também pode levar algumas pessoas a demonstrar mais emoções (estar mais chorosa, mais ansiosa, mais irritada, mais isolada...). Estas emoções e comportamentos podem ser voláteis pois dependem também muitas vezes do seu nível de dor.
  • A pior coisa que pode fazer a alguém com dor crónica, é virar-lhe as costas. Ainda lhe vai dar mais razões para se sentir deprimida, sozinha e logicamente com sentimentos negativos. Seja presente, o melhor que souber.
Respeite as limitações físicas

Numa doença visível, as limitações físicas são notórias como uma perna ou braço partido ou paralisia, ou outra... Mas numa situação de dor crónica, essas limitações não são tão  óbvias assim. Nem sempre é possível perceber a intensidade da sua dor e gerir o que está a sentir:

  • Um doente crónico não sabe de antemão como se vai sentir no dia seguinte. Cada dia é um dia e tem que ser gerido isoladamente. Pode ser muito confuso para quem está de fora, mas muito frustrante para quem sente.
  • Quando um doente consegue estar de pé 15 minutos sem se queixar, não significa que o consiga fazer por meia hora ou 1 hora. E se num dia consegue até ter um dia normal, não significa que o dia seguinte seja igual. Habitue-se a não criar rotinas.
  • Se um doente lhe diz que tem de se sentar, ou que tem de se deitar, ou que tem de ir para casa (se estiver na rua), acredite que não está a fazer fita. A dor crónica não se programa, aparece quando lhe apetece e sem avisar.
Seja honesto (a)

Reconheça o que não sabe. A dor é difícil de descrever a outra pessoa. É muito pessoal e faz parte da essência física e psíquica de cada um. Mesmo que a intenção seja boa, nunca assuma que sabe como o outro se sente. Sabe como se sente quando tem dor, mas não sabe o que o outro sente.

Pode pensar que um doente crónico procura o médico com frequência para chamar a atenção, ou que seja hipocondríaco, mas a verdade é que só o faz por desespero e pelo desgaste que toda esta situação lhe provoca.

O melhor apoio que pode dar a um doente crónico é:

- Ouvi-lo quando quer desabafar
- Respeitar os seus silêncios quando não quer dizer nada
- Respeitar os seus limites físicos e emocionais

Claro que nem toda a gente reage de forma igual, mas o melhor apoio que pode dar a alguém com dor crónica é estar e sobretudo "ser" presente.

5 de abril de 2017

Rolinhos de bolonhesa

Tinha imensas saudades das tradicionais salsichas frescas com couve lombarda. Mas aqui não há dessa salsicha boa. Então improvisei assim:

INGREDIENTES:

500 g de carne picada
1 cebola
4 folhas grandes de couve lombarda
300 g de polpa de tomate (uso uma com bons ingredientes)
Azeite extra-virgem
Sal
Alho
Louro
Orégãos
Salsa e coentros frescos

PREPARAÇÃO:

Coloca-se um tacho ao lume só com água e um pouco de sal.
Quando ferver, colocam-se as folhas de couve já lavadas.
Pressiona-se ligeiramente de forma a que as couves fiquem bem mergulhadas.
Assim que ficarem murchas, retiram-se do lume e colocam-se numa tigela com água fria para conservarem a cor e não continuar a cozedura. Depois de frias, escorrem-se e reserva-se.

Entretanto numa tigela, tempera-se a carne com sal, alho, paprika, orégãos, louro e mexe-se bem.
Numa frigideira anti-aderente, coloca-se um fio de azeite e quando estiver quente, coloca-se a carne e deixa-se cozinhar.
A meio da cozedura, junta-se metade da polpa de tomate, a salsa e os coentros picados e deixa-se apurar.

Quando a carne estiver cozinhada retira-se do lume e reserva-se.

Depois das folhas de couve frias, colocam-se pequenos montes de carne dentro de cada folha e fazem-se pequenas trouxas que se fecham com palitos.

Num tacho, faz-se uma boa cebolada com a cebola cortada às rodelas, o resto da polpa de tomate, um pouco de azeite, sal, alho e louro.
Colocam-se as trouxas, tapa-se e baixa-se um pouco o lume para cozinhar lentamente.

Quando a cebolada estiver murcha, está pronto a servir.

Bom apetite!





Pudim de frigideira spicy

Foto 1
Quem já me acompanha, sabe que faço tudo o mais simples possível. E hoje lembrei-me de fazer este pudim de frigideira numa versão mais "spicy". O doce nem sempre me sabe bem e de manhã então, não convém mesmo nada.

INGREDIENTES:

2 ovos inteiros
100ml de leite vegetal (usei de noz de caju receita aqui) )
1 colher de café de fermento bio
Especiarias a gosto (eu usei canela de Ceilão, noz-moscada, erva-doce e gengibre em pó)
1/2 maçã (a filha comeu-me a outra metade)
Mirtilos
Eu não usei nada para adoçar porque já não estou habituada e o doce da fruta basta-me, mas podem adicionar um pouco de mel ou de açúcar de côco.

PREPARAÇÃO:

Bater todos os ingredientes excepto a maçã e os mirtilos.
Aquecer bem uma frigideira anti-aderente untada com óleo de côco.
Colocar a massa la´dentro, e cobrir com a maçã em lascas e os mirtilos no meio.
Tapar e manter o lume baixo para cozer lentamente.
Quando começar a crescer e a parte de cima da massa estiver cozida, com a ajuda de um prato pequeno, virar o pudim para cozer mais um pouco.
Desenformar e decorar a gosto...eu coloquei mais um pouco de canela porque adoro!

Obs: Com a cozedura, as especiarias acumulam-se na parte de cima da massa conforme foto 2, mas o interior fica bem clarinho e mesmo com a textura de pudim.

Foto 2

4 de abril de 2017

Recebi o diagnóstico de Fibromialgia...e agora?

Quando se recebe um diagnóstico de Fibromialgia, a sensação é de sentir o tapete fugir-nos debaixo dos pés. Apesar de, com toda a certeza, já ter um passado cheio de dores e incómodos, o impacto de receber um diagnóstico de doença crónica, deixa qualquer um atordoado.


No meu caso, foi um misto de emoções...Por um lado, senti alívio por finalmente poder dar um nome a tudo aquilo que eu sentia há anos e que era considerado reumático, ou mudança de tempo, ou da lua ou lá aquilo que vinha à cabeça do médico. Afinal todos os sintomas que tinha há mais de 20 anos, tinham uma razão de ser. Por outro lado, tinha noção de que era uma doença crónica, mas por conhecer alguns casos em que a Fibro aparecia num quadro de depressão e ansiedade, para mim a doença era mais frequente em doentes desse tipo...e eu não me considerava NADA assim. 

Mas cada um reage à sua maneira. Pessoalmente, nunca fui de me deixar ir abaixo (ok, não vou dizer que tenha aceite isto de ânimo leve, mas isso agora não interessa nada!), mas entendo que para outras pessoas, seja mesmo muito difícil de aceitar. Não pretendo julgar ninguém, nem dar ensinamentos (tomara eu saber para mim), mas talvez possa ajudar algumas pessoas a reagir um pouco melhor.

Soa a cliché, mas ter um diagnóstico de doença crónica, não é de todo o fim da linha e a forma como reagimos no imediato, condiciona toda a nossa vivência perante o convívio com esta nova amiga para a vida.

Cometi alguns erros, como toda a gente, e a frase "se eu soubesse o que sei hoje", nunca fez tanto sentido.

NÃO ACEITE O DIAGNÓSTICO DE ÂNIMO LEVE

Mais uma vez, cada caso é um caso. Não há nenhum exame de diagnóstico específico para se concluir que é Fibro. O diagnóstico faz-se por exclusão de partes. É preciso fazer uma bateria de exames, e excluir tudo o que há para excluir para se concluir que possa ser Fibromialgia. 

Depois, e porque tem havido uma sensibilização cada vez maior (apesar de muita relutância) para o reconhecimento da doença, pode acontecer o seu médico concluir de forma demasiado airosa que "ah e tal! É Fibromialgia!"Existem muitas doenças que têm sintomas muito similares à Fibro e é fácil cair no facilitismo. Por isso, assegure-se de que o seu médico excluiu todas as hipóteses possíveis e não optou pelo caminho mais fácil...para ele.

ENCONTRE UM BOM MÉDICO

A grande maioria das pessoas que finalmente conseguiram ter um diagnóstico de Fibro, passaram por um caminho tortuoso. Felizmente não me posso queixar, mas é frequente ouvir-se coisas do tipo "isso é da sua cabeça", ou "isso não existe". Se costuma ouvir isso do seu médico ou de qualquer técnico de saúde, mude! Ninguém é obrigado a ser maltratado quando já não se sente bem. Queremos que nos oiçam e sobretudo que nos  entendam.

Em consultas que muitas vezes não passam dos 15 minutos (tempo suficiente para o paciente se queixar e do médico prescrever mais um medicamento), não é possivel haver qualquer tipo de entendimento mais profundo sobre a situação do paciente. É preciso um entendimento mais vasto, e perceber a doença num contexto mais global e holístico. E para isso, infelizmente muitos médicos não estão preparados.

Nem sempre é fácil mudar de médico, mas ficar agarrado a um que nos maltrata, ainda me parece mais complicado. Não é da sua cabeça, não é nada inventado. Os seus sintomas são reais e não há nada como sentir que temos alguém à nossa frente que está ali para nos ajudar a levar a situação o melhor possível. 

FAÇA AS SUAS PRÓPRIAS PESQUISAS

Sabemos bem que a maior parte dos médicos não tem tempo para se actualizar, outros também porque não lhes interessa, vá! Por isso, não coloque a sua vida totalmente nas mãos deles, e seja pro-activo. 

Pesquise por iniciativa própria. Existem muita informação disponível sobre Fibromialgia. Umas mais fidedignas que outras, mas o importante é que se sinta personagem principal da sua vida. Procure entender a razão dos seus sintomas. Porque sou cusca, ajudou-me muito perceber alguns sintomas que eu tinha e que aparentemente não faziam sentido. 

Um sintoma que me fazia muita confusão, era a sensação de ter um cabelo preso entre a pele e a roupa...e não haver cabelo nenhum! Hoje é piada interna aqui em casa, quando peço à filha para ver se tenho um cabelo algures e ela retira um de verdade e fazemos as duas uma festa! Dito assim parece caricato, mas um dia tomei 3 duches para tirar o "cabelo imaginário" e não passou...

Isto para dizer que é importante perceber o que se passa connosco e não deixar tudo para perguntar ao médico. Muitas vezes (então se for de clínica geral, é chapa 3), nem eles sabem explicar.

NÃO EXISTE A PÍLULA MÁGICA

De todas as pesquisas que tenho feito e de todas as pessoas com quem tenho falado, concluí rapidamente que, para levar uma vida minimamente normal, era preciso muito mais do que esperar que os medicamentos fizessem efeito. É preciso ser-se reactivo e perceber que, na maior parte das vezes, os medicamentos podem eventualmente ajudar mas com o tempo, deixam de fazer efeito e cada vez mais, temos de tomar doses mais altas e medicamentos mais fortes.

Não digo para não recorrer à medicação, mas que não se sintam dependentes dela. Vejam outras alternativas. Eu depois do diagnóstico, também tomei a medicação da praxe (Lyrica, Cymbalta, Zoldiar...) e destes só mantive o último porque em mim, era o único que me dava algum alívio. Os outros 2 deixam-me num estado de torpor tão grande e provocavam-me tantos sintomas secundários, que eu não estava a conseguir lidar com as dores e restantes sintomas da Fibro, E AINDA os sintomas dos medicamentos. 

Agora dá-me para rir, mas eu andava de óculos escuros dentro de casa e de tampões nos ouvidos pela sensibilidade provocada pelas drogas.Isto para não falar também do meu estado de zombie permanente. Na altura eu via "Walking Dead" e sentia-me parte do elenco...excepto na vontade de trincar, vá!

Felizmente tive bons profissionais, que me recomendaram terapias alternativas tais como aromaterapia (ver aqui) e terapias complementares, como a psicomotricidade. Também me recomendaram marcha nórdica (ver aqui) e aos poucos consegui levar o barco para a frente.

Procure também perceber de que forma a sua alimentação pode influenciar o seu estado de saúde. Eu só me dediquei a isso 1 ano depois do diagnóstico e foi um ano que perdi, mas disso também já falei (ver aqui). Também pode recorrer a massagens, hidroginástica, yoga, dança...

Repito, cada caso é um caso, mas não custa nada ver que podem existir alternativas que se adaptam a si e que podem fazer a diferença. 

CONTACTE PESSOAS COM A MESMA DOENÇA

Para mim, no início foi muito importante fazer parte de alguns grupos nas redes sociais. Perceber que não estava sozinha, perceber que afinal aqueles sintomas mais estranhos também eram sentidos por outras pessoas. E é muito importante para nos sentirmos compreendidos e no início, quando nos sentimos meio perdidos em exames e medicamentos e médicos, pode fazer a diferença.

Depois depende de pessoa para pessoa. Eu porque não tenho espírito derrotista, rapidamente comecei a cansar-me de ver sempre as mesmas queixas, das mesmas pessoas e que nada faziam para melhorar a sua qualidade de vida. Encontrei muitas pessoas com o mesmo espírito que eu, e com as quais ainda hoje me relaciono. Mas é muito fácil cair numa espiral de "coitadinho" e estar inserido num ambiente negativo e carregado de pessimismo e  amargura.

Mas este contacto com pessoas também com Fibro pode revelar-se uma pescadinha de rabo na boca. É preciso algum cuidado para não se deixar levar por todo esse tipo de discurso e criar o seu próprio caminho. É muito frequente, quando se fala num diagnóstico recente, que sejamos batalhados com mensagens pesadas e que nos levam a prever um futuro carregado de dores, drogas e incapacidade total.

Nada disso é verdade. Há vida além do diagnóstico, há vida além da Fibro, é preciso é que cada um encontre o seu caminho de forma a que "ela" não pese tanto.

Não pretendo dar lições a ninguém, é apenas a minha forma de ver as coisas AGORA e que eu gostava que alguém me tivesse dito quando fui diagnosticada. Sim, "ela" não nos larga, sim, "ela" faz questão de se manifestar mas não temos que lhe dar voz. Como os maus momentos não precisam de ser lembrados, pois aparecem mesmo sem serem convidados, tenho o hábito de valorizar e de ma agarrar aos momentos bons....por mais insignificantes que sejam.

"Às vezes oiço passar o vento, e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter vivido"- Fernando Pessoa